Otro motín en una cárcel del norte de Brasil deja al menos 33 muertos
Nova briga entre facções deixa 33 mortos na PAMC
Quatro dias após a morte de 60 detentos em duas penitenciárias de Manaus (AM), outros 33 presos foram assassinados na madrugada desta sexta-feira (6), na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PAMC).
A matança em Roraima é a terceira maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção.
A Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania) de Roraima confirmou o massacre na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, na zona rural de Boa Vista. De acordo com o Estado, as mortes são uma reação do PCC (Primeiro Comando da Capital) ao ocorrido em Manaus no início da semana. Na capital do Amazonas, os mortos eram ligados à facção de origem paulista.
Nos seis primeiros dias de janeiro foram registradas 95 mortes em presídios no Brasil. Esse número representa cerca de 25% do total de mortes registradas em todo o ano passado (372).
No novo massacre, os mortos são, em sua maioria, ligados a FDN (Família do Norte), um braço do Comando Vermelho que disputa a hegemonia nos presídios do Norte do país. De acordo com o último relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo tem capacidade para 750 apenados, mas abriga 1.398 presos –um deficit de 648 vagas.
No ano passado, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, e na Penitenciária Ênio dos Santos Pinheiro, diferenças entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho, causaram a morte de 18 detentos.
A ação aconteceu por volta das 2h30 (4h30 no horário de Brasília), quando um grupo de presos deixou as celas e iniciou a chacina. A secretaria informou que equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Polícia Militar (PM) estão na unidade e que os presos já foram recolocados em suas celas.
CRISE NAS PRISÕES
No mesmo dia em que a presidente do Supremo Tribunal Federal passou três horas em Manaus e anunciou apenas a criação de grupo de trabalho para solucionar o caos do sistema carcerário local, o governo Michel Temer (PMDB) divulgou medidas requentadas que, se efetivadas, irão reduzir em apenas 0,4% o atual deficit de vagas no superlotado sistema carcerário do país.
A promessa de Temer é construir cinco novos presídios federais de segurança máxima, com capacidade total para pouco mais de 1.000 vagas. Isso não supriria nem o deficit de 5.438 vagas do Amazonas, onde 56 presos foram assassinados no início da semana em presídio do Estado.
Segundo o governo, a licitação para a construção das unidades prisionais será feita imediatamente, mas ele não deu prazo para a entrega das novas carceragens federais.
Em todo o país, segundo último balanço do governo federal, de 2014, são 622,2 mil presos para 371,9 mil vagas, o que representa um deficit de 250,3 mil vagas –cada presídio federal tem, em média, capacidade para 208 presos.
O governo anunciou R$ 200 milhões para as obras das cinco novas unidades carcerárias e outros R$ 230 milhões para aprimoramento do sistema de segurança de presídios estaduais, sendo R$ 150 milhões para transferência de tecnologia de bloqueadores de celulares e R$ 80 milhões para compra de scanners corporais. Todos esses recursos, porém, já fazem parte do Orçamento do governo para 2017.