Brasil: iniciativa intenta combatir el machismo y la misoginia a través de la música

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Machismo e misoginia também se combatem com música

O ano de 2016 não foi para fracos. Uma presidenta eleita democraticamente foi tirada do poder sem ter cometido nenhum crime. Ao tomar seu lugar, o presidente oportunista fez uma «reforma ministerial» masculina. No país mais poderoso do mundo, um candidato que teve declarações misóginas reveladas um mês antes das eleições acaba de assumir a presidência. Em Campinas, no interior do estado de São Paulo, um homem acaba de matar a mulher, o filho e outras 10 pessoas porque não aceitava o fim do relacionamento.

A lista de vítimas do machismo é imensa no Brasil e no mundo. Por isso a luta feminista se faz necessária em todas as instâncias, inclusive nas artes. Para contribuir com essa reflexão, a RBA selecionou algumas músicas que trazem mensagens contra a desigualdade de gênero, a misoginia e pelo empoderamento das mulheres.

Uma das mais fortes manifestações musicais contra o machismo, a música Morte e Vida Uterina, da sorocabana Paula Cavalciuk, tem um vídeoclipe poderoso que apresenta manchetes sobre agressões, mortes e estupros. A artista mistura cenas de um passeio noturno e vídeos enviados por mulheres com mensagens feministas. A letra trata sobre a transformação da mulher da infância à adolescência a partir da chegada da menstruação: “Morte/ Por vezes desejei, quem sabe num ato de sorte/ Banhar-me em meu sangue até esgotá-lo num pote/ Fugir por uma veia fina alargada no corte// Como uma fêmea, cadela no cio/ Eu caminhava por entre assovios/ Nunca entendi quem por mim se atraía/ Morte e vida uterina”.

A cantora e poeta Nina Oliveira também aborda a violência contra a mulher na música Disque Denúncia. “Ô moça, ontem eu tava caminhando/ Perto daquela praça e um homem me parou/ E me deixou marcas/ Mas não eram de batom
Não eram de batom// E eu não sou a culpada/ Pelo estupro, a pedrada/ Pelo meu sangue que vaza/ Pela minha pele que racha/ Por estar sexualidade/ Por ser comercializada/ Por ter no corpo, as marcas/ Que não eram de batom/ Não eram de batom”.

Tem também o som d’As Bahias e a Cozinha Mineira. Assucena Assucena e Raquel Virgínia são mulheres trans e negras que cantam contra o machismo e a homofobia e que vêm fazendo bastante sucesso nos últimos tempos. Em Apologia às Virgens Mães, elas falam sobre as várias nuances do feminino. “Oh mães de Jesus, oh virgens, todas virgens// Já choraram teu choro/ Prantos correm na história/ Feito rio que erode do espaço às margens: trajetória/ E dum traje contido/ De branco e grinalda na média/ Abusaram o desejo do corpo/ E teu sonho trajou de tragédia/ Menina de saia de gozo pré-extinto/ Quantos tempos bordaram/ O calado bordel de teu instinto?”

Muito antes de lançar o videoclipe de Eu Escolhi Você (em que vaginas e pênis dançam livres, leves e soltos), a cantora Clarice Falcão soltou na rede um clipe da música Survivors (“sobreviventes”, em inglês), inspirado no vídeo Não Tira o Batom Vermelho, da vlogueira Jout Jout. A versão brasileira do grupo Destiny’s Child mostra várias mulheres passando batom vermelho do jeito que bem querem, numa clara mensagem de que “o corpo é delas e elas fazem dele o que bem quiserem”.

A banda goiana Carne Doce usa a psicodelia no disco inteiro e traz, na voz de Salma Jô, algumas faixas com mensagens contra o machismo. É o caso de Cetapensâno e Falo. Nesta última, o recado não podia ser mais direto. “Quem sabe eu tô naqueles dias/ Acho que tô naqueles dias/ Alimentando a fantasia/ De que ao falar farei justiça/ Se eu falo é me desculpa/ Se eu falo é com licença/ Se eu falo é obrigada// Pois aproveitando essa hemorragia/ Vou me dar o luxo de ser verborrágica/ Com você não basta que eu seja prática/ Você não sustenta um raciocínio lógico/ E eu já não suporto te explicar o óbvio/ Você finge me tratar como igual/ Mas seu arroto é pura condescendência”, diz a letra.

Rede Brasil Atual

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