Unas 50 mil personas volvieron a marchar en San Pablo al grito de “Fuera Temer”
50 mil pessoas participam de ato «Fora,Temer» em SP; CUT anuncia greve no dia 22
O ato «Ocupe a Paulista, Fora, Temer e Diretas Já» reuniu ontem (11) aproximadamente 50 mil pessoas em São Paulo, segundo as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, organizadoras do evento. As pessoas se concentraram na Avenida Paulista, onde parlamentares e lideranças de movimentos sociais e sindical fizeram discursos em um caminhão de som, e depois seguiram em caminhada em direção ao Parque do Ibirapuera, a dois quilômetros de distância. A dispersão ocorreu por volta das 19h. No percurso foram registrados algumas ocorrências de violência policial.
A manifestação faz parte de um calendário intenso de atividades em todo o país contra as propostas já reveladas pelo governo Michel Temer que atacam direitos dos trabalhadores.
O presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, cobrou a saída do presidente Michel Temer e de «todos os que defendem retrocessos e políticas que são para retirar direitos». O dirigente cutista lembrou que a PEC 241, que congela por 20 anos os investimentos em áreas como saúde e educação, vai representar o desmonte do estado e das políticas públicas.
«Derrotar o golpe e os projetos golpistas são necessidades: reforma da Previdência, PEC 241, a trabalhista», disse, reforçando a todos que no próximo dia 22 será realizado um grande ato nacional contra o governo Temer e suas propostas: «Vamos parar o Brasil», avisou.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, ironizou a fala do presidente Michel Temer, na China, quando minimizou a importância dos protestos contra seu governo: «Estamos novamente as 40 pessoas que insistem em gritar ‘Fora, Temer’. Ele unificou o país contra ele. Este governo é ilegítimo e queremos eleições Diretas já. Este é o momento de resistência. Se os golpistas se consolidarem, o preço será caro», disse.
Do alto do caminhão de som, Boulos conclamou as pessoas: «Temos uma responsabilidade histórica. Aqui é o momento de falar ‘Fora, Temer’ e ‘Fora, Cunha'», disse, sob a reação eufórica dos manifestantes. Ele lembrou do golpe militar armado por Augusto Pinochet que tirou o presidente chileno marxista Salvador Allende do poder em um mesmo 11 de setembro (1973).
Para o presidente do PT, Rui Falcão, este «governo usurpador» mostra seu caráter antipovo. «Querem entregar a Petrobras para grandes grupos internacionais», disse, em referência ao Projeto de Lei do Senado 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que retira da Petrobras condição de operadora única do pré-sal.
«Primeiramente, fora, Temer, e amanhã, fora, Cunha», disse o prefeito de São Paulo, candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), afirmando que o que está em jogo no país é que querem suprimir direitos e conquistas de 1988 (Constituição Federal).
Haddad lembrou que Temer, quando secretário de Segurança de São Paulo, atacou manifestantes. «E hoje estamos aqui novamente, e não sairemos das ruas», avisou.
A deputada federal Luiza Erundina, candidata do Psol à prefeitura de São Paulo, afirmou que a sociedade brasileira não aceita mais estes «facínoras». «O que vai mudar é o povo na rua. O povo deve se manter resistente e não sair das ruas enquanto não derrubarmos muitos canalhas e revertermos os retrocessos que estão minando direitos conquistados a duras penas nos últimos anos», disse. «Não vamos sair das ruas até derrubarmos o último golpista», disse.
Erundina mencionou a votação de amanhã (12) sobre a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). «Amanhã cai o Cunha. Pode chorar. Amanhã, depois de muita angústia, cai o Cunha», afirmou, emendando: «Nós, mulheres, não vamos aceitar um direito a menos. O Temer não sabe contar. Milhões querem a preservação das conquistas. Fora, Cunha, fora, Temer», encerrou.
O ex-senador Eduardo Suplicy (PT), candidato a vereador em São Paulo, defendeu a democracia: «Quero contar que estive na casa do Temer e, juntamente com estudantes, entregamos uma carta a ele dizendo para convocar eleições diretas no dia 2 de outubro. Se o povo disser não a ele, que assuma o compromisso de sair».
Tumulto
Por volta das 17h15, a Polícia Militar começou a usar violência contra os manifestantes, e os discursos das lideranças no caminhão de som tentavam encorajar as pessoas a não abandonarem o protesto por medo da repressão.
Houve um tumulto com a PM logo após a fala do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que sofreu repressão no ato do último domingo (4). Ele avisou que estava no ato para coibir e denunciar internacionalmente a violência da Polícia Militar de São Paulo.
«Sou autor de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para acabar com a PM. A PM é para a guerra e não para proteger o povo», disse, provocando forte reação dos manifestantes, que gritavam «Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar».
Como o carro de som estava localizado em frente à base da PM no Parque Trianon, os policiais sentiram-se provocados com os gritos e foram para cima de manifestantes empunhando cassetetes, mas aquele episódio foi contornado. Logo em seguida, houve espancamento e prisões de jovens.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reagiu ao tumulto: «Não adianta provocar, não vamos sair da rua até derrubar os golpistas. São Paulo é um exemplo de luta. Precisamos dizer a eles que precisam passar por cima dos nossos cadáveres para entregar a nação aos interesses internacionais».
A Polícia Militar do governo Geraldo Alckmin foi criticada também pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP): «Domingo passado éramos 100 mil. No Largo da Batata, a PM fez uma chuva de gás. Hoje vamos dobrar este número», afirmou, denunciando que foi infiltrado um capitão do Exército no ato da semana passada para forjar provas contra estudantes. «Vamos continuar nas ruas e não vamos aceitar ditadura», disse.
Coletivos registram violência da PM de São Paulo
Profissionais da Mídia Ninja e Jornalistas Livres registraram eventos de repressão policial na manifestação de ontem (11), na cidade de São Paulo, contra o governo de Michel Temer. Em uma caminhada entre a Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera, descendo pela Rua Brigadeiro Luís Antonio, os manifestantes gritavam «Fora, Temer» e também muitas palavras de ordem contra a violência praticada pela Polícia Militar do governo Geraldo Alckmin (PSDB) nos sucessivos protestos ocorridos na capital.
Por volta das 17h50, o militante do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Gabriel Simeone foi espancando em ação da PM, segundo informou a Mídia Ninja. Pelo Facebook, o coletivo informa que manifestantes foram presos por portarem máscaras.
De acordo com Jornalistas Livres, a PM encurralou alguns jovens contra um gradil e começou a revistá-los. «Aqui, o momento em que policiais detêm uma adolescente que apenas exercia o direito garantido na Constituição de se manifestar livremente», diz a legenda da foto abaixo.
A Agência Brasil confirmou a detenção de três pessoas. Um deles era um fotógrafo que tentou argumentar com a polícia em defesa do grupo que estava sendo revistado, mas acabou sendo preso também. Amigos dos três contaram que a polícia abordou o grupo e revistou suas mochilas, por volta das 17h30. O grupo usava máscaras, sob a alegação de que faria uma intervenção artística durante o ato.
«Descontrolados, os policiais atacavam quaisquer pessoas em volta. Inclusive a imprensa. Detiveram a menina porque ela ousou perguntar «Por que a violência?»… O soldado respondeu-lhe: «Porque sim». Quando ela retrucou: «Porque sim não é resposta!», o PM a deteve. Essa gente nunca assistiu ao «Castelo Rá Tim Bum»?, postou o Jornalistas Livres.
Pessoas que presenciaram a prisão disseram que não houve incidente provocado pelo grupo que pudesse motivá-la, mas o major Telles, que comandou a operação, disse que os detidos foram abordados “porque estavam mascarados e com mochilas” e seriam levados para o 78º Distrito Policial e depois para o Departamento Investigações Criminais. Isso, entretanto, não ocorreu, segundo a Agência Brasil, porque o delegado cancelou a transferência.
Houve um início de tumulto durante a detenção, com correria entre participantes da manifestação, por medo que pudesse ocorrer violência contra outras pessoas. O ex-senador Eduardo Suplicy, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) se aproximaram e mediaram a situação, que logo voltou ao normal.
Valente criticou a ação policial: «Imensa desnecessidade e uma truculência da Polícia Militar. Mesmo que alguma pessoa esteja mascarada ou com alguma coisa na mochila, você não pode tensionar uma manifestação de milhares de pessoas. É uma irresponsabilidade isso. Em todo caso, por pressão aqui dos parlamentares, a Polícia Militar afastou a tropa e a passeata vai seguir pacificamente».
Dilma e Lula farão campanha com Jandira Feghali no Rio
Deposta há menos de um mês, a ex-presidente Dilma Rousseff virá ao Rio nos próximos dias para apoiar a candidatura de Jandira Feghali (PCdoB) à prefeitura do Rio. A informação foi confirmada pela candidata, durante caminhada na favela do Jacarezinho, na manhã deste domingo. A previsão é que Dilma participe da agenda da aliada entre os dias 20 e 23 de setembro. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também participará da campanha, possivelmente a partir de semana que vem.
Jandira tem incluído em sua agenda de campanha a discussão sobre a política nacional. Seu material de campanha inclui adesivos com a frase «Fora Temer» e, no último debate eleitoral, ela acusou o candidato Marcelo Crivella (PRB) de traição, por ter votado a favor do impeachment de Dilma.
A candidata do PCdoB disse ainda que tem conversado com Lula — que já aparece em vídeos da campanha dela — mas não revelou detalhes sobre a estratégia discutida pelos dois.