Denuncia por corrupción: Lula asegura que lo persiguen por las cosas buenas que se hicieron en su gobierno
Lula: Perseguição a mim é pelas coisas boas que fizemos
Denúncia contra Lula é ‘truque de ilusionismo’, diz defesa
A defesa do ex-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “truque de ilusionismo” a denúncia feita contra o ex-presidente nesta quarta-feira (14) pelo Ministério Público Federal.
Lula foi acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato, por causa da reforma do apartamento triplex localizado em Guarujá (SP).
“Não foi apresentado um único ato praticado por Lula, muito menos uma prova”, disse o advogado Cristiano Zanin Martins.
“O fato real inquestionável é que Lula e dona Marisa não são proprietários do referido imóvel, que pertence à OAS. Se não são proprietários, Lula e sua esposa não são também beneficiários de qualquer reforma ali feita. Não há artifício que possa mudar essa realidade”, completou o advogado.
Martins criticou a coletiva de imprensa dada pelo procurador Deltan Dallagnol, a quem imputou uma conduta “política”. “O grosso do discurso de Dallagnol não tratou do objeto da real denúncia protocolada nesta data […] Sua conduta política é incompatível com o cargo de Procurador Geral da República e com a utilização de recursos públicos do Ministério Público Federal para divulgar suas teses.”
O advogado afirmou que os promotores vêm promovendo uma “devassa” na vida de Lula. “Nada encontraram. Foi necessário, então, apelar para um discurso farsesco […] O crime do Lula para a Lava Jato é ter sido presidente da República..”
“Nossos clientes não cometeram, portanto, crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica ou lavagem de capitais”, concluiu Martins.
«Lula é o comandante máximo do esquema de corrupção investigado na Lava Jato»
«Lula é o comandante máximo do esquema de corrupção investigado na Lava Jato». Foi com esta frase que o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal, abriu a coletiva de imprensa na qual anunciou a primeira denúncia formal contra o ex-presidente da República no âmbito da Operação Lava Jato.
De acordo com a denúncia apresentada à Justiça Federal, Lula foi responsável por dar início a uma «propinocracia» no País, cujo objetivo seria alcançar a governabilidade mediante corrupção, fazer um colchão de recursos dentro do próprio Partido dos Trabalhadores para a perpetuação da sigla no Poder, além do enriquecimento ilícito dos envolvidos.
A denúncia afirma que o petrolão, esquema de corrupção investigado na Lava Jato, gerou R$ 6,2 bilhões em propinas e um prejuízo total de R$ 42 bilhões. Somente em relação ao caso específico da compra e reforma de um tríplex em Guarujá, litoral paulista, o Ministério Público exige um confisco de valores de R$ 87,6 milhões à OAS, além do ressarcimento de outros R$ 87,6 milhões.
«O MP não julga aqui quem Lula foi e é como pessoa e o quanto ele fez pelo povo brasileiro. O MP imputa a ele responsabilidade por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro», afirmou Dallagnol. «A mesma ressalva temos em relação ao PT, uma agremiação que se envolveu em uma série de crimes específicos.»
Base aliada
Um dos pontos centrais da denúncia do MP diz respeito à forma com a qual o ex-presidente optou por governar após ter sido eleito com uma base aliada insuficiente para lhe fornecer governabilidade.
Os próprios dados a respeito do início de Lula no Planalto comprovariam isso, segundo o procurador. Isso porque, quando foi eleito, o petista tinha em sua base 250 deputados federais – minoria para um Casa com um total de 513 parlamentares –, número que, poucos meses depois, em maio de 2003, saltou para um total de 325, o suficiente para garantir apoio a ele em projetos do Executivo por meio de cargos públicos e pagamentos de propina.
Os dados forneceriam base para a denúncia, elaborada por meio de delações premiadas e documentos fornecidos por investigados, mostrando como o petista, «único com poder para tornar a estratégia de corrupção viável», teria montado sua base por meio de pagamento de propina e, principalmente, pelo apadrinhamento de diretores da Petrobras aos partidos PMDB e PP, os principais da base de Lula.
«Há registros que mostram que grandes empreiteireos, como Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht, despachavam questões de seu interresse diretamente com Lula», ressaltou o procurador. «Lula é o elo comum essencial que conecta diversos personagens e que, com seu comando, tornou esse esquema possível e real.»
O procurador também lembrou depoimentos do ex-diretor da Petrobras Pedro Barusco afirmando que o PT teria recebido propina entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões com o esquema e apontou ainda supostos repasses ilícitos da Construtora Setal por meio de transferências à gráfica Atitude, que seria ligada ao partido, a pedido do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.
Mensalão → petrolão
A denúncia do Ministério Público Federal ainda fez um paralelo entre o escândalo anterior que levou à condenação e consequente prisão de vários importantes quadros do PT – incluindo José Dirceu, homem forte nos primeiros anos de mandato de Lula – e a atual investigação.
Caracterizado pela compra de apoio de partidos e parlamentares, o mensalão foi apontado como o precursor direto daquele que viria a ser conhecido como petrolão, esquema responsável pelos bilhões de reais em prejuízo por parte da Petrobras.
De forma enfática, Dallagnol apontou que, após a saída do governo federal de Dirceu, responsável pela articulação política do então presidente entre 2003 e 2005, o próprio Lula assumiu o esquema criminoso.
«O esquema continuou. Isso nos leva a crer que o comandante não era Dirceu, mas alguém acima de Dirceu. Só havia a possibilidade de o comandante estar acima dele. E aí está o maestro dessa organização criminosa. Lula era o elo comum necessário para as duas máquinas que faziam o esquema funcionar: a do partido e a do governo», resumiu Dallagnol. «PT e Lula são os maiores beneficiados dos maiores esquemas de corrupção da história do Brasil: mensalão e petrolão.»
Após ser denunciado na Lava Jato, Lula diz que «sequer dormiu uma noite» no tríplex
Apontado como o «comandante máximo do esquema de corrupção» investigado pela Lava Jato e denunciado nesta quarta (14) pelo Ministério Público Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou sua página no Facebook para se defender das acusações. No post, afirmou que «jamais foi proprietário ou sequer dormiu uma noite» no tríplex apontado como parte do esquema de corrupção.
Segundo a nota, «desde 30 de janeiro de 2016, Lula tornou públicos os documentos que provam que ele não é o dono de nenhum apartamento no Guarujá. Lula esteve apenas uma vez no edifício, quando sua família avaliava comprar o imóvel. Jamais foi proprietário dele ou sequer dormiu uma noite no suposto apartamento que a Lava Jato desesperadamente tenta atribuir ao ex-presidente».
O tríplex em Guarujá foi reformado pela construtora OAS com dinheiro que teria sido desviado da Petrobras, segundo o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa do MPF na Operação Lava Jato. Dallagnol afirma que as investigações apontam que Lula seria o verdadeiro dono do imóvel.
A Operação Lava Jato denunciou formalmente, além de Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, dois funcionários da empreiteira e outros dois investigados.
De acordo com o MPF, Lula recebeu R$ 3,8 milhões em vantagens ilícitas, relativas à reforma do apartamento e aos gastos de transporte do acervo do ex-presidente de Brasília. Leo Pinheiro e o ex-presidente são acusados de corrupção ativa, passiva e lavagem dinheiro. O MPF pede o confisco de valores de R$ 87 milhões.
Dilma diz que objetivo de denúncia é impedir candidatura de Lula em 2018
A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta quarta-feira (14), em sua conta pessoal no Twitter, que a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o objetivo de impedir a candidatura do petista nas eleições presidenciais de 2018.
A denúncia, apresentada nesta quarta, abrange três contratos da OAS com a Petrobras e diz que R$ 3,7 milhões em propinas foram pagas a Lula. Os crimes imputados aos denunciados são corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Caberá à Justiça decidir se eles se tornarão réus.
O procurador Deltan Dallagnol afirmou que, segundo provas do MPF, Lula era o «comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato» (VEJA A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA).
«É lamentável que uma denúncia sem provas seja feita contra o presidente Lula e sua família. É evidente que esta denúncia atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir sua candidatura em 2018», disse Dilma no Twitter.
«Mais uma vez, a democracia é ferida. Mais uma vez, grave injustiça é cometida sem fundamentos reais. Agora, o alvo é o ex-presidente Lula. Certamente, o ex-presidente saberá se defender e as pessoas de bem saberão reagir», concluiu a ex-presidente.
Além de Dilma, parlamentares e dirigentes do PT reagiram à denúncia e falaram em «perseguição política» a Lula (leia a repercussão).
Após os procuradores explicarem a denúncia, os advogados de Lula criticaram e afirmaram que o crime do petista «é ter sido presidente da República, eleito democraticamente por duas vezes”.
“Para sustentar o impossível, força-tarefa valeu-se de ilusionismo, promovendo improvável espetáculo judicial e midiático», disse o advogado Cristiano Zanin Martins.