Brasil: la Policía Federal arremete con una acusación contra Lula en la víspera del veredicto final por el juicio político a Dilma Rousseff

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Às vésperas de viajar para Brasília e acompanhar o julgamento de Dilma Rousseff no Senado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre o tríplex no Guarujá, litoral paulista. O petista foi enquadrado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A ex-primeira-dama, Marisa Letícia, e Paulo Okamoto, do Instituto Lula, também foram indiciados.

«Foi possível apurar que o casal Luís Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva foi beneficiário de vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2.430.193,61 referentes às obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Salaris, bem como no custeio de armazenagem de bens do casal», registrou o delegado Márcio Adriano Anselmo na conclusão da peça, revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Esta é a primeira vez que Lula é indiciado formalmente pela força-tarefa de Curitiba. O indiciamento é uma etapa pré-processual, que antecede eventual denúncia do Ministério Público Federal ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância. Os procuradores pediram 90 dias para analisar o caso.

Longa trajetória de coincidências

Em 4 de março deste ano, Lula tornou-se alvo de um mandado de condução coercitiva pela 24ª fase da Lava Jato, batizada de Aletheia, em referência a uma expressão grega que significa «busca da verdade». Embora não tenha se recusado a prestar depoimentos anteriormente, o ex-presidente foi levado à força por agentes da PF ao aeroporto de Congonhas. À época, ele atuava para recompor a base de apoio a Dilma na Câmara, na tentativa de evitar a aprovação do impeachment.

Duas semanas depois, o ex-presidente foi alvo de uma nova investida, às vésperas de ser nomeado ministro da Casa Civil e de assumir, de vez, a articulação política do governo petista. O juiz Moro decidiu divulgar conversas entre Lula e Dilma, interceptadas pela Polícia Federal fora do período autorizado judicialmente. O grampo ilegal serviu de argumento para o ministro Gilmar Mendes, do STF, suspender a posse.

Mais recentemente, em parecer encaminhado à Justiça, procuradores da Lava Jato acusam o ex-presidente de ter «participado ativamente» do esquema de corrupção na Petrobras. O documento foi revelado pela mídia na sexta-feira 5, no mesmo dia em que a pesquisa CartaCapital/VoxPopuli apresentava o ex-presidente na liderança das intenções de voto para a Presidência da República em 2018. Também calhou com a abertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro.

Delegado é apoiador de Aécio e crítico de Lula
Quem assina o indiciamento de Lula é o delegado Marcio Adriano Anselmo, um dos principais nomes da Polícia Federal na força-tarefa da Lava Jato. Anselmo ficou famoso em 2014, quando o jornal O Estado de S.Paulo revelou que ele e outros delegados responsáveis pela operação usaram suas redes sociais durante a campanha eleitoral daquele ano para elogiar o senador Aécio Neves, então candidato do PSDB, e criticar Lula.

«Alguém segura essa anta, por favor», escreveu Anselmo em um grupo fechado de Facebook, segundo o Estadão, em uma notícia com o título «Lula compara o PT a Jesus Cristo». Em outra postagem naquele mesmo período, relatou o jornal, Anselmo comentou uma notícia na qual Lula dizia que Aécio não era um homem sério e de respeito. «O que é ser homem sério e de respeito? Depende da concepção de cada um. Para Lula realmente Aécio não deve ser».

Lula nunca usufruiu do imóvel, sustenta a defesa
Em recente entrevista a Carta Capital, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirma não haver nenhuma prova para amparar a tese de que o tríplex no Guarujá foi adquirido e reformado em benefício de Lula e sua família. “Já demonstramos, com farta documentação, que a dona Marisa Letícia [esposa de Lula] investiu valores, de 2005 a 2009, em uma cota da cooperativa habitacional Bancoop, e depois o empreendimento tocado pela cooperativa foi transferido à OAS”.

“Quando ocorreu essa transferência, os donos das cotas puderam optar entre pedir o resgate do valor investido ou usar o valor como parte do pagamento de uma unidade. A Dona Marisa optou por pedir o resgate do valor investido”, prossegue Martins. “Como se pode atribuir a propriedade do imóvel a ele, sendo que o ex-presidente esteve uma única vez no local? Ele olhou e não teve interesse. Nunca usou, nunca ocupou, nunca usufruiu… É uma propriedade absolutamente diferente do que a legislação prevê e até mesmo o senso comum imagina”.

O advogado de Lula criticou, ainda, o uso político da Lava Jato. “Inverteu-se a lógica da investigação. Já acharam o culpado, agora precisam provar a culpa dele. Promoveram uma devassa na vida de Lula e de seus familiares, e não conseguiram encontrar nada”.

Carta Capital


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