Brasil: otro aliado de Temer presidirá la Cámara de Diputados
Maia electo jefe de Diputados; Cunha pierde control de Cámara
El diputado de Rio de Janeiro Rodrigo Maia, del derechista partido Demócratas, fue electo en la madrugada del jueves nuevo presidente de la Cámara de Diputados, cuerpo que presidirá en principio hasta febrero.
Maia sustituye al renunciante Eduardo Cunha, del PMDB, agrupación del presidente interino Michel Temer, quien en la disputa por la presidencia del cuerpo legislativo respaldó solapadamente al candidato derrotado Rogerio Rosso.
Maia, quien apoyó el impeachment a la presidenta suspendida Dilma Rousseff y como Rosso integra la llamada base que respalda a Temer, fue electo por 285 votos ante 170 de su rival en una segunda y definitiva votación.
Maia sustituirá a Temer en el ejercicio de la presidencia de Brasil cuando el mandatario se ausente por viajes o por otras razones.
Rosso era considerado el candidato favorito de Cunha, procesado por el caso Lava Jato y quien lucha por salvar su mandato, comprometido por la aparición de cuentas en Suiza no declaradas con dinero presuntamente alimentado por el esquema de desvíos de Petrobras.
La elección del nuevo jefe de Diputados era considerada relevante también para mostrar la cohesión de la coalición de partidos que apoya a Temer.
Aliado de Temer, Rodrigo Maia derrota centrão e presidirá Câmara
Numa vitória por margem folgada em segundo turno, na qual se juntaram a velha e a nova oposição, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito no início da madrugada de hoje presidente da Câmara dos Deputados com 285 votos, contra 170 para o segundo colocado, Rogério Rosso (PSD-DF), candidato do centrão e ligado ao ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Aos gritos de “Fora, Cunha”, o plenário comemorou a vitória de Maia, que rompeu com Cunha recentemente após ter mantido relação próxima com ele ano passado.
O resultado das urnas resumiu a guinada na reta final da eleição e representou uma grande derrota para o centrão, que ganhou força na gestão de Cunha à frente da Câmara. Maia teve 120 votos no primeiro turno e somou mais 165 no segundo, conquistando um mandato-tampão até fevereiro do próximo ano.
Maia aproveitou o sentimento generalizado contra Cunha para atrair os dois polos, direita e esquerda. A aliança com o PT e os demais partidos do campo da esquerda começou a ser construída dias atrás e quase vingou já no primeiro turno. Os petistas e seus aliados, no entanto, preferiram apoiar o candidato do PMDB, Marcelo Castro (PI), no primeiro turno. Nas 24 horas antes da eleição, o Planalto entrou em cena para esvaziar o nome de Castro. Ex-ministro da presidente afastada, Dilma Rousseff, Castro, que votou contra o impeachment, era visto como um dissidente que simbolizaria uma derrota do governo de Michel Temer.
Ao chegar ao segundo turno sem Castro na disputa, o novo presidente da Câmara fechou o apoio de PT, PDT e até do PCdoB, adotando um discurso de que “não se vota em um partido, mas em uma pessoa”. O discurso de Maia era de que é necessária uma oposição forte para fiscalizar o governo, em um aceno ao PT. Um gesto do deputado bem visto por petistas foi o de, na noite de quarta-feira, após sair na frente no primeiro turno, ele ter começado a romaria pelas lideranças de partidos e gabinetes, em busca de apoios, pelo gabinete do deputado Marco Maia (PT-RS), último petista a presidir a Câmara.
LEALDADE SEM SORRISOS
Após ver sua candidatura fragilizada no início da semana com o crescimento de Rosso e Castro, Maia cresceu na quarta-feira logo cedo ao consolidar o apoio dos quatro partidos que faziam oposição ao governo Dilma e hoje apoiam o governo interino de Michel Temer — PSDB, DEM, PSB e PPS. O grupo se uniu por dois motivos: o lançamento por parte do PMDB da candidatura de Castro, somado à relutância do Planalto em fechar um acordo com o PSDB para apoiar uma candidatura tucana em 2017. Esses dois fatores acabaram levando as quatro legendas a selar a união com Maia, em ato na manhã de quarta na liderança do PSDB, último partido a sacramentar o apoio ao deputado. Funcionou. Juntos, os quatro partidos tinham 117 deputados, na quarta. Maia conseguiu 120 votos no primeiro turno, chegando ao segundo turno na liderança.
Na quarta-feira, ao conversar com dirigentes do PMDB, Rodrigo Maia chegou a dizer que poderia ter ganho “sem disputar’’. Ele afirmou que lhe foi oferecido apoio para se eleger agora, em troca de um acordo com o centrão para o próximo biênio. Ele disse que negou a proposta e afirmou querer governar de forma justa, dando a cada legenda «o espaço que ela tem».
A vitória de Maia não foi bem digerida no centrão. Antes mesmo da vitória, o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), um dos expoentes do bloco, não escondia a irritação, que compartilhou com o líder do governo, André Moura (PSC-SE), ao acusar o governo de estar operando a favor da candidatura do deputado do DEM.
— É a operação do governo para o futuro. Foi assim com a Dilma e deu no que deu — disse o líder, em tom de ameaça.
Arantes contou também que antes da eleição, os líderes do centrão se reuniram com Fernando Giacobo (PR-PR) e acertaram que quem fosse para o segundo turno, teria o apoio dos demais. Giacobo, no entanto, fechou apoio a Rodrigo Maia, assim como toda a bancada.
— Fico triste porque ele não cumpriu a palavra. Acordo tem que ser cumprido. Na política isso é péssimo. É uma construção (do governo) negativa para o futuro — reclamou Jovair Arantes.
Em discurso logo antes do resultado, Maia disse que era conhecido, quando chegou à Câmara, como alguém que não sorri, mas que cumpre palavra:
— Quando cheguei aqui diziam: o Rodrigo não sorri. Mas o Rodrigo cumpre palavra, o Rodrigo é leal — disse o agora presidente da Casa.
Quem é Rodrigo Maia, eleito novo presidente da Câmara
Filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, Rodrigo Maia (DEM-RJ) está em seu quinto mandato na Câmara dos Deputados. Ex-presidente do Democratas, o parlamentar já foi por duas vezes líder da bancada do partido na Câmara. Tem 46 anos, é casado desde 2005 com Patrícia Vasconcelos e pai de três filhas. Nasceu em Santiago do Chile, na época de exílio de seu pai, mas foi registrado na embaixada do Brasil.
Desde 2002, está entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso, em pesquisa realizada anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Já atuou no PFL, no PTB e agora no DEM.
Maia nunca escondeu sua relação próxima ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foi indicado pelo peemedebista, por exemplo, para relatorias importantes, como a da reforma política. O candidato do DEM, porém, se esforçou para se afastar nos últimos meses do ex-presidente da Câmara.
– Rodrigo já foi muito privilegiado por Cunha, mas soube buscar um outro caminho – avaliou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).
Pouco antes do início da votação do primeiro turno, comentou que sempre teve boa relação com o peemedebista, mas ressaltou se tratar de uma relação «tática», lembrando que o candidato de Cunha era Rogério Rosso (PSD-DF).
Votou a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Embora não tenha pendência com a Justiça, recebeu R$ 100 mil de doação de campanha da JBS, envolvida na Operação Lava-Jato. Aos 26 anos, foi secretário de Governo do Rio do então prefeito Luiz Paulo Conde. Antes de entrar para a política, trabalhou nos bancos Icatu e BMG e iniciou a faculdade de Economia.
Temer e Maia devem se encontrar nesta quinta-feira
O presidente em exercício Michel Temer acompanhou a votação do novo presidente da Câmara no Palácio do Planalto na noite desta quarta-feira. Assim que foi anunciada a vitória, por volta da 0h30 da quinta-feira, depois de várias tentativas, conseguiu falar com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para cumprimentá-lo. Os dois combinaram de se encontrar no final da manhã desta quinta-feira, por volta da hora do almoço. Temer também fez questão de telefonar para o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), a quem deu parabéns pelo desempenho e elogiou a elegância na disputa.
Temer acompanhou o segundo turno ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o advogado José Yunes, presidente do PMDB paulistano, o assessor Rodrigo Rocha Loures e outros assessores. A avaliação do governo, pelo número de votos obtidos por Maia (285), é que o PMDB votou com Maia. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que o resultado foi bom para o governo quando os dois (Rosso e Maia) foram para o segundo turno. “Maia é aliado e saberá preservar a independência da Câmara e construir a harmonia com o Executivo”, afirmou o ministro ao Estado, acrescentando que o diálogo com ele será muito produtivo.
O governo comemorou o fato de o segundo turno ter sido disputado por dois deputados da base aliada, afinados com o Planalto. Temer estava despachando com o ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Marcos Pereira, quando foi avisado de que o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), considerado oposição ao Planalto, por ter ficado até o último minuto com a presidente afastada Dilma Rousseff e ter votado contra o impeachment. Na avaliação de interlocutores do presidente, Castro “se perdeu” no seu discurso ao se apresentar como uma espécie de salvador da pátria e ter feito promessas paroquiais que não teria condições de cumprir. Depois, ouviu discurso de Rogério Rosso (PSD-DF), considerado conciliador, a exemplo da fala de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Rodrigo Maia diz que não vai definir prazo para votar cassação de Eduardo Cunha
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não definiu prazo para a votação final do processo de cassação do ex-presidente das Casa deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Perguntado sobre o caso, Maia elogiou a gestão de Cunha, disse que ajudou a elegê-lo e ponderou que o desfecho do processo deve ocorrer “dentro das regras da Casa” e quando houver “quórum adequado”.
“Vamos colocar em votação quando [o processo] estiver pronto para tal”, disse Maia ao ser perguntado se a cassação de Cunha poderia ser votada pelo plenário ainda esta semana. “Não estou aqui nem para ajudar, nem para prejudicar o Eduardo”, acrescentou.
Antes de chegar ao plenário, o processo de Cunha depende de decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ontem (13), a comissão adiou, mais uma vez, a votação do recurso de Cunha contra a decisão do Conselho de Ética, que aprovou a representação do PSOL e da Rede que pede a cassação do mandato do peemedebista.
Apoios
Logo após tomar posse na presidência da Câmara, Rodrigo Maia disse que sua vitória só foi possível graças ao apoio dos partidos de oposição ao governo do presidente interino, Michel Temer. “Sem a esquerda não venceria. O resultado da votação provou que é possível construir um novo momento. Tivemos votos da base e da oposição”.
Em troca do apoio recebido dos partidos de oposição a Temer, Maia disse que vai garantir o direito das minorias. Ele, no entanto, afirmou que os partidos que o apoiaram no segundo turno da disputa contra Rogério Rosso (PSD-DF) não apresentaram sugestões de pauta a serem analisadas como prioritárias.
Prioridades
Perguntado sobre a pauta de votações, Maia disse que as prioridades são a proposta de emenda Constituição (PEC) do teto de gastos públicos, o alongamento da dívida dos estados com a União, a PEC dos Precatórios, o projeto que muda as regras de exploração da camada do pré-sal e a reforma da Previdência, que ainda está em discussão entre o Palácio do Planalto e centrais sindicais.
Alinhado com o discurso do presidente interino, Michel Temer, Rodrigo Maia disse que a Câmara terá que debater e votar pautas consideradas impopulares. “Os deputados são eleitos não apenas para aumentar despesas e serem aplaudidos. Estamos aqui também para votar aquilo que seja impopular”, disse. “Pode ser impopular agora, mas temos que olhar para frente”.
Rodrigo Maia também reconheceu a necessidade de o Parlamento ter “coragem” para aprovar uma reforma política. “Temos que ter um grande debate nessa Casa porque o sistema político que está ai ruiu. De forma consensuada e conjunta, teremos que debater a reforma política e enfrentar esse modelo falido”.