Dilma Rousseff: “esto no es un impeachment, es un golpe”

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A luta pela democracia não tem data para terminar, é permanente; diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou na manhã desta quinta-feira (12), em Brasília (DF), após ser notificada pela decisão do Senado Federal de aprovar o impeachment de seu mandato. Emocionada, a presidenta disse que a ação é um «golpe» contra a democracia no Brasil e que lutará pelo seu mandato. «A luta pela democracia não tem data para terminar, é permanente», disse.

Dilma ficará afastada por 180 dias e Michel Temer assimá o governo interinamente. A aprovação do impeachment se deu no início da manhã desta quinta – por 55 votos favoráveis e 22 contrários -, após uma longa sessão de mais de 20 horas no Senado.

Em seu pronunciamento, a presidenta também reiterou que seu governo é alvo de de «intensa e incessante sabotagem», garantindo que nunca cometeu nenhum crime de responsabilidade em seu governo. «[O impeachment] desve-se ao fato de que como presidenta nunca aceitei chantagem de qualquer natuzera», afirmou.

«Posso ter cometido erros, mas nunca crimes», disse.

Resistência

«A luta pela democracia é longa, e pode ser vencida e vamos vencer. A democracia é o lado certo da história», frisou a presidenta. Neste sentido, desde a manhã desta quinta, movimento populares, centrais sindicais e entidades que integram as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo organizaram, que devem se prolongar ao longo do dia em defesa da democracia.

Ao término de seu discurso, Dilma se dirigiu à frente do Palácio do Planalto, onde discursou para manifestantes que foram prestar sua solidariedade e resistência. «Eu não cometi crime de responsabilidade. Estou sendo objeto de uma grande injustiça», disse.

Para milhares de pessoas que gritavam palavra de solidariedade à presidenta, Dilma justificou o motivo do golpe: «Nós nos recusamos a dar a ele, o senhor Eduardo Cunha, os votos na Comissão de Ética para que ele fosse absolvido. Eu não sou mulher para aceitar este tipo de chantagem!», reiterou.

Brasil de Fato


“A democracia é o lado certo. Jamais desistirei de lutar”, afirma Dilma após afastamento pelo Senado

A presidenta Dilma Rousseff garantiu, em pronunciamento à nação nesta quinta-feira (12), que continuará lutando por seu mandato e contra o que classifica como golpe contra a democracia, após a abertura do processo de impeachment pelo Senado Federal. Dilma reafirmou que não cometeu crime de responsabilidade e qualificou o processo em curso como uma “farsa política e jurídica”.

“O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato, que pretendo defender e honrar até o último dia. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”
, disse Dilma, que destacou ter sido eleita por mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras.

“A história é feita de luta e sempre vale a pena lutar pela democracia. A democracia é o lado certo da história. Jamais desistirei de lutar”.

Afastada temporariamente do cargo, Dilma lembrou que ainda há uma árdua batalha a ser enfrentada nos próximos 180 dias, e convocou a população a defender o restabelecimento da ordem democrática. “Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independentemente de posições partidárias, faço um convite: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar: é luta permanente, que exige de nós dedicação constante”, disse.

No pronunciamento, Dilma voltou a alertar para o risco de retrocesso nos avanços sociais conquistados nos últimos 13 anos, em especial para as populações mais pobres e de classe média, citando especificamente a política de valorização do salário mínimo, a inclusão dos jovens no ensino superior, a ampliação do atendimento de saúde e a conquista da casa própria.

A presidenta advertiu que um governo ilegítimo, ungido por uma “eleição indireta” travestida de impeachment, será um “entrave às soluções que o País necessita” e “a grande razão para a continuidade da crise”. “O maior risco para o País nesse momento é ser dirigido por um governo sem voto, um governo que não foi eleito pela manifestação direta da população, não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios que o País enfrenta”, afirmou

Sabotagem e injustiça

No depoimento ao País, Dilma reiterou que seu segundo governo foi alvo de “intensa e incessante sabotagem” por forças políticas que não aceitaram a derrota nas urnas em 2014. “Desde que fui eleita, parte da oposição, inconformada, pediu a recontagem dos votos, tentou anular as eleições e depois passou a conspirar abertamente pelo impeachment. Os derrotados mergulharam o País em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia com um único objetivo: de tomar a força o que não conquistaram nas urnas”, criticou.

A presidenta reforçou que não há razão para impeachment e que os questionamentos a decisões de política orçamentária são improcedentes e meros pretextos para tirar seu mandato. “Acusam-me de ter editado seis decretos de crédito suplementar e, ao fazê-lo, ter cometido crime contra a Lei Orçamentária. É falso, pois os decretos seguiram autorizações previstas na lei”, disse Dilma, negando também que tenham existido irregularidades na condução do Plano Safra.

“Não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com a corrupção”, acrescentou Dilma, que disse ser atacada por nunca ter aceitado chantagem. “Este é um processo frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. É a maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu”.

Ao lembrar do sofrimento da tortura vivida na ditadura militar e do câncer que teve de superar em 2010, Dilma lamentou estar sendo novamente vítima de uma injustiça. “Mas não esmoreço”, reagiu. “Olho para trás e vejo tudo o que fizemos; olho para a frente e vejo tudo o que ainda precisamos e podemos fazer. O mais importante é que posso olhar para mim mesma e ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem forças para defender suas ideias e seus direitos”, adicionou.

Dilma, por fim, recordou seu histórico de luta pela democracia no País e demonstrou confiança na capacidade de resistência do povo brasileiro, demonstrada nos últimos meses, em manifestações pelo País “em defesa de mais direitos e mais avanços”. “É por isso que tenho certeza de que a população dirá ‘não’ ao golpe”, afiançou.

Planalto

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