Dilma asegura que el gobierno de Temer deberá “arrodillarse” ante Cunha

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Dilma: ‘Cunha não só manda: ele é o governo Temer’

A presidenta Dilma Rousseff disse que o processo de impeachment aberto contra ela teve como objetivo paralisar as investigações da Operação Lava Jato e para ser posta em andamento uma «política ultraliberal em economia e conservadora em todo o resto». «Com cortes drásticos de programas sociais. Um programa que não tem legitimidade pois não teve o respaldo das urnas», afirmou Dilma à Folha de S.Paulo.

Dilma disse que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é a pessoa central do governo interino de Michel Temer. «Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura (deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara). Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha.» Para que o governo Temer seja viável, Dilma afirma: «Vão ter de se ajoelhar».

A respeito dos fatores que levaram ao seu afastamento, Dilma disse que o economista e prêmio Nobel Joseph Stiglitz fez um diagnóstico perfeito sobre o Brasil: «A crise econômica é inevitável. O que não é inevitável é a combinação danosa de crise econômica com crise política. O que aconteceu comigo? Houve a combinação da crise econômica com uma ação política deletéria. Todas as tentativas que fizemos de enviar reformas para o Congresso foram obstaculizadas, tanto pela oposição quanto por uma parte do centro politico, este liderado pelo senhor Eduardo Cunha».

A presidenta lembra das «pautas-bomba», com gastos de R$ 160 bilhões e diz que estava por trás disso a criação de um ambiente de impasse, propício ao impeachment. «Cada vez que a Lava Jato chegava perto do senhor Eduardo Cunha, ele tomava uma atitude contra o governo. A tese dele era a de que tínhamos que obstruir a Justiça.»

Mas Dilma acredita na reversão desse processo. «Vários senadores, quando votaram pela admissibilidade disseram que não estavam declarando (posição) pelo mérito. Então eu acredito. Sobretudo porque as razões do impeachment estão ficando cada vez mais claras. E elas não têm nada a ver com seis decretos ou com Plano Safra (medidas consideradas crimes de responsabilidade)», disse.

Traição
Dilma fala sobre a traição do vice Michel Temer como a pior de todas, e que ela não ocorreu no dia da votação do processo de impeachment, mas em março, «quando as coisas ficaram claríssimas». «Você sempre acha que as pessoas têm caráter. Eu diria que ele não foi firme. Tem coisas que você não faz.»

Famosa por sua bravura, a presidenta disse que não chorou no dia em que foi afastada: «Eu não choro, não. Nas dores intensas, eu não choro. Cada um é cada um, né?».

Pato
Para Dilma, Temer deveria defender a volta da CPMF e lembra que seu governo defendeu a volta da contribuição «sem pudor». «Nós passamos um ano terrível em 2015 e fizemos todo o esforço para não ter corte em programa social. Nós nunca entramos nessa do pato «(símbolo criado pela Fiesp para protestar contra aumento de impostos). Aliás, o pato tá calado, sumido. O pato tá impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é?

RedeBrasilAtual


Entrevista: ‘Nós vamos pagar o pato do pato’, diz Dilma sobre cortes 

MÔNICA BERGAMO DA COLUNISTA DA FOLHA

A presidente afastada Dilma Rousseff diz que o presidente interino Michel Temer deveria fazer como ela: defender a recriação da CPMF.

Para a petista, «quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população», com cortes em áreas como educação e saúde.

Ela nega ter dado guinada na política econômica depois de eleita. Admite que cometeu erros, mas sem dizer quais, pois «essa volta ao passado não existe».

Folha – No dia em que saiu do Planalto, a senhora pedia às pessoas que não chorassem. A senhora não chora?

Dilma Rousseff – Eu não choro, não. Nas dores intensas, eu não choro. Cada um é cada um, né?

E o Lula?

O Lula chora. Ele chorou, sim. O Lula ficou muito triste ali, quando eu saí.

Nas conversas gravadas por Sérgio Machado, José Sarney diz que Lula está deprimido e com os olhos inchados de tanto chorar.

É mentira. Gente, o Lula é uma pessoa com fortes emoções. O Lula chora porque tem dor. Ato contínuo, ele se recupera e enfrenta a vida. Que Lula tá com olho inchado de chorar, o quê!

Houve um pior momento nesse processo? A maior traição?

Você não vai me perguntar da maior traição, né? Ela é tão óbvia!

Michel Temer?

Óbvio. E não foi no dia do impeachment. Foi antes. Em março. Quando as coisas ficaram claríssimas.

A senhora não esperava?

Você sempre acha que as pessoas têm caráter. Eu diria que ele não foi firme. Tem coisas que você não faz.

Olhando em perspectiva, a senhora não acha que teria sido melhor ter cedido o lugar para que Lula fosse candidato à Presidência em 2014?

A Barbara Tuchman escreveu um livro fantástico, «A Marcha da Insensatez». A insensatez só é insensata quando você percebe que isso pode ocorrer e insiste. Não vale a pena olhar para trás, com tudo já passado, e falar «tinha de ser assim».

Lula também insistia para que a senhora nomeasse Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, cargo para o qual Temer agora o convidou.

Cada um é cada um. Eu respeito o Henrique Meirelles, tá? Agora, eu não concordo com essas medidas [anunciadas pelo ministro na semana passada]. Gosto mais do Meirelles no Banco Central que no Ministério da Fazenda. Pelo menos até agora.

Não sei se é dele essa ideia de propor o orçamento base zero [que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo.

No governo da senhora também houve cortes e o então ministro da Fazenda Nelson Barbosa, numa proposta fiscal rigorosa, chegou a prever mudança na política de reajuste de salário mínimo.

Nós passamos um ano terrível em 2015 e fizemos todo o esforço para não ter corte em programa social. Nós assumimos [a proposta de se recriar] a CPMF, sem pudor.

Nós nunca entramos nessa do pato [símbolo criado pela Fiesp para protestar contra aumento de impostos]. Aliás, o pato tá calado, sumido. O pato tá impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é?

Porque quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população. Vai ter corte na saúde. Já falaram em acabar com o Mais Médicos, já falaram que o SUS não cabe no orçamento. Depois voltaram atrás.

Os que são chamados de coxinhas acreditam que o Bolsa Família é uma esmola. Não é. Ele tem efeito enorme sobre as crianças.

Entre fazer isso [cortes em área sociais] e criar um imposto, cria um imposto! Para com essa história de não criar a CPMF. Só não destrói a educação e a saúde. Não tira as crianças da sala de aula. É essa a discussão que precisa ser feita e não uma discussão genérica sobre o pato.

A senhora fala que o programa de Temer não passou pelas urnas. Mas a senhora também falou uma coisa na campanha e fez outra depois de eleita.

Quando é que o pessoal percebeu que tinha uma crise no Brasil, hein? A coisa mais difícil foi descobrir que tinha uma crise no Brasil.

Na eleição, todo mundo tinha percebido, menos a senhora?

Me mostra a oposição falando que tinha crise no Brasil! Ninguém sabia que o preço do petróleo ia cair, que a China ia fazer uma aterrissagem bastante forte, que ia ter a pior seca no Sudeste.

A senhora diz então que não deu uma guinada de 180º, como até seus aliados afirmam?

Eu vinha numa política anticíclica e acabou a política anticíclica. A guinada é essa. Agora, isso não significa que não possamos ter errado nisso e naquilo. Porque senão fica assim «não errei em nada». Não é isso.

Errou em quê?

Ah, sei lá. Como é que eu vou falar da situação depois?

Na escolha do candidato a vice-presidente?

Ah, não vou falar isso. É tão óbvio! Mas não tem essa volta ao passado. Isso não existe.

Fhola


Cunha rebate Dilma e diz que petista é despreparada para governar

Alvo de acusações feitas pela presidente afastada Dilma Rousseff, o deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou a rebater a petista neste domingo (29). Em mensagens postadas no Twitter, ele afirmou que, «além de sua arrogância e das mentiras habituais, ela demonstra a sua incapacidade e despreparo para governar».

«Dilma mente tanto que já estamos aprendendo a identificar do ela (sic) mente; basta mover os lábios. Se até o Lula se arrependeu de ter escolhido ela, imaginem aqueles que ela fez de idiota, mentindo na eleição. Para ela, apenas uma frase: tchau querida», escreveu Cunha.

Em entrevista à Folha neste domingo, Dilma afirma que o governo do presidente interino Michel Temer «terá que se ajoelhar» diante de Cunha. Dilma diz ainda que «as razões para o impeachment estão cada vez mais claras», ao citar as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e diz que Cunha é a «pessoa central do governo Temer».

«Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura [deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara]. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha», disse a petista.

«Além da arrogância e das mentiras habituais, ela demonstra a sua incapacidade de governar. Além do crime de responsabilidade cometido e que motivou o seu afastamento, as suas palavras mostram o mal que ela fez ao país. Com o descontrole das contas públicas, aumenta a inflação e a despesa de juros da dívida pública. A sua gestão foi um desastre», rebateu o deputado.

Cunha foi afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob o argumento de que há indícios de que ele tentava impedir as investigações da operação Lava Jato e seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara.

Na tarde deste sábado (28), o peemedebista também se manifestou contra a presidente afastada em seu Twitter. Ele divulgou um vídeo com um trecho da entrevista concedida à repórter Mariana Godoy, da Rede TV!, em 20 de maio, em que diz que o Brasil teve um «golpe de sorte».

No vídeo, ele toca bateria e aparece com a legenda de «O Malvado Favorito», em referência ao vilão de coração mole da animação de 2010 —e como era chamado no Palácio do Planalto na época em que era apenas um aliado incômodo.

«Pode ser que tenha tido um golpe no Brasil, mas foi um golpe de sorte, porque conseguimos nos livrar do PT e da Dilma de uma vez só», afirma no vídeo, declaração que reproduziu na sua mensagem deste sábado.

Em nota, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), também criticou as afirmações de Dilma. Ele afirmou que a presidente deixa claro que «sua única preocupação» é voltar ao governo.

«Não está nem aí para as mazelas que deixou para o novo governo consertar. Para ela, é criar imposto para não parar programa social, esquecendo que, quando saiu, o Minha Casa, Minha Vida já estava parando. Enganação igual àquela da conta de luz. Ela não aprendeu que, quando o povo flagra, só se deixa enganar uma vez», afirmou o senador na nota divulgada por sua assessoria de imprensa.

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