Tras primer encuentro del año con Dilma, vicepresidente dice que el gobierno debe “oír más”
Temer diz a Dilma que governo precisa ‘ouvir mais’ e ‘ser mais servo’
O vice-presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (20) à presidente Dilma Rousseff que o governo «precisa ouvir mais do que falar» e adotar «outra postura», mostrando que «está disposto a ser mais servo» do que dar ordens. Para Temer, a presidente precisa ouvir os diversos setores da economia, por exemplo durante a reunião do conselhão, para que eles proponham soluções para ajudar a superar a crise que assola o país.
Dilma respondeu ao vice que vai reconvocar em fevereiro o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, formado por empresários e outras lideranças da sociedade, e seguir seu conselho de ser mais ouvinte.
A presidente, no entanto, ponderou que, segundo o relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil não é a única nação afetada pela crise, mas outros países também estão com o crescimento comprometido. Segundo a presidente, isso é, de certa forma, um «ponto positivo» para estimular a recuperação por aqui.
Esta foi a primeira vez que Dilma e Temer conversaram pessoalmente em 2016. A reunião, que aconteceu no gabinete da presidente, durou uma hora e meia, mas os dois ficaram sozinhos por apenas 15 minutos.
O restante do encontro foi acompanhado pelos ministro Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), que têm mediado a relação entre os dois principalmente nos temas ligados à articulação política.
Temer reafirmou que acha necessário o governo olhar as propostas do programa do PMDB, «Uma ponte para o futuro», e ouviu de Dilma que o texto está com o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) para considerações.
Segundo a Folha apurou, Temer e Dilma evitaram discutir assuntos polêmicos, como a liderança do PMDB na Câmara, as investigações da Operação Lava Jato ou a nomeação para ministérios e, no fim do encontro, falaram, inclusive sobre literatura. O peemedebista sugeriu à presidente o livro «Número Zero», de Umberto Eco, e os volumes «A Capital da Solidão» e «A Capital da Vertigem», de Roberto Pompeu de Toledo.
Temer tem dito que o Palácio do Planalto não deve interferir nas questões internas do PMDB, mas auxiliares da presidente atuam desde dezembro para que o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), aliado ao governo, seja reconduzido ao cargo de líder do partido na Câmara, em eleições marcadas para fevereiro.
Berzoini ofereceu, inclusive, a Secretaria de Aviação Civil ao deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG), na tentativa de dividir a bancada mineira do PMDB e fortalecer Picciani, contrário ao impeachment de Dilma. Enquanto isso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenta articular um nome favorável ao impedimento da petista para disputar com o deputado carioca, mas ainda não conseguiu consenso.
RELAÇÃO PROTOCOLAR
A relação entre Dilma e Temer nunca passou de protocolar, mas a situação piorou depois que o vice enviou à presidente, no início de dezembro, uma carta para dizer que se sentia «decorativo» e que o governo e a petista não confiavam nele nem no seu partido, o PMDB.
Depois da guerra pública de versões entre a assessoria de Dilma e a de Temer sobre quem havia vazado o conteúdo da carta –nos bastidores, auxiliares da presidente reconheceram que a divulgação do texto partiu do Palácio do Planalto–, o vice e a petista ensaiaram uma reaproximação, mediada pelo ministro Jaques Wagner (Casa Civil), responsável por marcar as reuniões, inclusive a desta quarta-feira (20).
Ao manter Temer mais próximo, Dilma segue orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costuma dizer à sucessora que o vice garante a estabilidade política pois mantém o PMDB na órbita do Planalto.
O encontro frustrou a expectativa de aliados do vice-presidente, que esperavam «menos acenos e mais resultados». Para eles, não adianta a presidente chamar o peemedebista para conversar sem envolvê-lo em decisões governamentais. «Foi um encontro apenas para a imprensa», criticou um peemedebista.
Setores do partido pressionam Temer para um desembarque do governo após a convenção da legenda, marcada para março. Presidente do PMDB desde 2001, Temer chegou a ter a reeleição ameaçada pelo grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado ao governo, e se concentrou nas questões internas do partido nos últimos meses para costurar sua recondução ao cargo.