Brasil: suspenden juicio por corrupción contra el presidente del Congreso, Eduardo Cunha, y Lula da Silva denuncia “golpe explícito” contra Dilma

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Nova relator será decidido em nova sessão, na quinta. Lista tríplice é sorteada.

Depois de anunciar que o deputado Zé Geraldo (PT-PA) seria o novo relator do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), decidiu suspender a sessão desta quarta-feira e fazer um novo sorteio excluindo os nomes de todos os conselheiros que integram o bloco do PMDB. Leo de Brito (PT-AC), Marcos Rogério (PDT-RO) e Sergio Brito (PSD-BA) foram os deputados sorteados. Um deles será escolhido relator do processo contra Cunha. Uma nova sessão foi marcada para quinta-feira, às 9h30m.

A sessão desta quarta-feira começou tensa, com bate-boca entre deputados. Os deputados chegaram a derrubar dois requerimentos que tentaram o adiamento da votação do relatório do parecer por quatro sessões antes de o presidente do Conselho ler ofício que declarava Fausto Pinato (PRB-SP) impedido para a função de relator. A decisão, motivada após pedido do advogado de Cunha ao plenário da Câmara, foi monocrática, do primeiro vice-presidente Waldir Maranhão, e não da Mesa Diretora.

Ao receber a informação, Araújo decidiu nomear o deputado Zé Geraldo para o posto de relator. Aliados de Cunha protestaram, sob argumentação de que a escolha poderia levar à nulidade do processo mais à frente, já que outros parlamentares que compuseram a primeira lista para a escolha da relatoria também estariam impedidos por também pertencerem ao bloco do PMDB.

Araújo, então, recuou e anunciou a suspensão da sessão. Uma nova lista, com onze parlamentares que não integram o bloco do PMDB, foi elaborada, e o sorteio ocorreu no fim da sessão.

— Nós não somos meninos de escola, nós somos deputados — disse o presidente do Conselho. — Acho que isso é golpe.

— Não posso colocar em risco a decisão do Conselho de Ética e o que o povo espera de nós. Não posso passar por cima de uma decisão da Mesa. Vou recorrer, mas vai demorar. O que estão fazendo conosco é um absurdo. Tomei a decisão de suspender a sessão e fazer novo sorteio, excluindo o bloco — disse Araújo.

DEPUTADOS PEDEM ADIAMENTO

Um dos deputados a falar foi Marcos Rogério (PDT-RO). O deputado Paulo Azi (DEM-BA) concordou com ele, pedindo o adiamento para não entrar em uma «seara perigosa». Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), sugeriu para que fosse feito novo sorteio para a escolha do relator.
Inconformado com a situação, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) desabafou:

— É humilhante o que estamos vivendo aqui neste conselho, insensatez, falta de realidade o que estamos vivendo aqui. Seria a sexta sessão para votar a admissibilidade. Não sou bobo, vivemos aqui o que nunca vivemos. essa baixa estima é fruto disso. Acham que está tudo normal, que o procedimento tem que ser regimental, jurídico, aqui é um posicionamento jurídico. Na votação que tivemos hoje todos sabem qual será a posição, com exceção de alguns votos. Isso é um circo porque quem está sendo julgado é o presidente da Câmara, é uma chicana, fazer essa jogatina aqui. Se o Conselho não tiver postura correta, temos que fechar esse conselho.

O vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PSC-PE), disse que a decisão de Araújo não é ilegal, mas é imoral. E chamou o presidente do Conselho de «amador»:

— O problema é que Eduardo Cunha fica numa guerra regimental e o presidente do conselho é amador. Eu acho que ele está jogando com o Eduardo Cunha — brincou o deputado.

ALIADOS DE CUNHAM PEDEM FIM DA SESSÃO

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Aliados de Cunha pressionam para que Araújo encerrasse a sessão, citando artigos regimentais. O novo líder do PMDB, Leonardo Quintão (MG), pediu a palavra e sustentou que Araújo tinha que encerrar a sessão e não apenas suspender os trabalhos.

— Encerre a sessão e convoque em 24h. Para que não tenham dúvidas sobre a condução. Com todo o respeito, não faça a suspensão, não é regimental. Da maneira que está, teremos problemas daqui para a frente, não vai atrapalhar em nada o andamento — disse Quintão.

Quintão assumiu a liderança do PMDB no lugar de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) em movimento que teve a participação de Cunha.

Deputados que integram a Mesa Diretora da Câmara compareceram à sessão do Conselho de Ética da Casa para dizer aos conselheiros que não houve decisão de todos os integrantes do órgão e, sim, decisão isolada do primeiro vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA). Compareceram ao Conselho a terceira secretária, Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Alex Canziani (PTB-PR).

PINATO PEDE QUE CONSELHO RECORRA

Logo depois que o deputado Zé Geraldo (PT-PA) foi anunciado como novo relator por Araújo, os aliados de Cunha avisaram que iriam recorrer da decisão.

— A questão de ordem foi decidida pela Mesa Diretora. Quando recorri, o senhor negou. O erro que vossa excelência cometeu está sendo corrigido, mas gostaria que o senhor lesse o ato da Mesa, que diz que tudo o que for feito anteriormente é ato nulo. Quero recorrer também da decisão de nomear, sem novo sorteio, o relator. Incorre novamente no erro de não respeitar o regimento — afirmou o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), acrescentando:

— Recorro de seu ato de nomear (Zé Geraldo). Seu ato é nulo, novamente atropela o regimento. Se cumprir o regimento, estarei aqui para apoiá-lo.

Inquietos, aliados de Cunha no Conselho entravam e saiam da sessão. Entre eles, os deputados André Moura (PSC), Paulinho da Força (SD) e Manoel Junior (PMDB).

Após a leitura da decisão da Mesa Diretora, o deputado Pinato agradeceu o apoio e pediu que Araújo recorresse:

— Como democrata que sou, respeito a decisão da Mesa, mas não concordo. Gostaria que esse conselho recorresse em nome da imparcialidade. A imparcialidade assusta muito, senhor presidente. Obrigado a todos, esse relator não é apegado a relatoria nenhuma, mas peço ao senhor que recorra dessa decisão — disse Pinato

Os aliados de Cunha tentaram desqualificar a escolha do petista. Além de dizer que seria necessário novo sorteio, enfatizaram que ele já havia dito que estava sendo chantageado para votar em Cunha e estaria impedido.

— Quero cópia da gravação em que ele diz que estava sendo chantageado. tem que ter nova escolha — disse Vinícuiu Gurgel (PR-AP).

— Ele é legítimo. O que não é legítimo é a Mesa destituir o relator. Mais um golpe. Estão de novo pedindo suspeição do relator, isso não vai ter fim. Por isso estamos pedindo a atuação de outros órgãos — disse o líder do PSOl, Chico Alencar (RJ), referindo-se à decisão do partido de pedir que Cunha saia da presidência porque usa suas prerrogativas de presidente da Casa em benefício próprio.

PRIMEIRA VOTAÇÃO TEM BATE-BOCA

Antes desse anúncio, o Conselho de Ética já havia derrubado dois requerimentos que pediam o adiamento da votação do relatório do parecer por quatro sessões. Ambos os requerimentos foram derrubados após empate na votação, em 10 a 10, com voto de minerva de Araújo, presidente do conselho, que desempatou duas vezes para não ter que adiar novamente a sessão.

Mais cedo, a sessão começou tensa, com bate-boca entre deputados. O Conselho de Ética derrubou o primeiro requerimento que tentava adiar por cinco dias úteis a votação do parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que abre as investigações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A votação sobre o adiamento deu empate, com 10 votos a favor do pedido e outros 10 contra. O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA) desempatou, votando contra o adiamento.

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que já anunciou o voto a favor da abertura das investigações, votou pelo adiamento, sustentando que poderá haver nulidade da sessão caso a Mesa Diretora decida favoravelmente à suspeição de Pinato. O resultado estava em 11 votos para adiar (com o voto de dois suplentes) e 9 contra o adiamento, quando o deputado Paulo Azi (DEM-BA) chegou atrasado para votar. A chegada de Azi acabou provocando um bate-boca entre deputados que querem a abertura das investigações contra Cunha, argumentando que a votação ainda não tinha sido encerrada, e deputados aliados de Cunha.

Araújo decidiu que o voto de Paulo Azi valeria e invalidou o voto de um dos suplentes que votaram, dando o empate. Assim que Araújo desempatou a favor do não adiamento da votação, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Cunha, pediu a suspeição dele.

No início da sessão, os pedidos de suspeição de Pinato feito pelos advogados de Cunha, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no plenário da Câmara, na terça, dominaram os debates. O STF rejeitou o pedido, sob alegação de que não se constitui uma questão constitucional.

Os aliados de Cunha sustentam, então, que a Mesa Diretora da Casa irá decidir sobre a suspeição. Por isso, seria recomendável aguardar a decisão antes de votar o parecer de Pinato. A questão foi levantada pelo deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), para sustentar o requerimento que apresentou de adiamento da votação no Conselho de Ética por cinco sessões.

O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), reagiu:

— Se for obrigado pela Mesa, e não pelo Cunha, acho que (Cunha) não deverá estar sentado para decidir a substituir o relator, porque está impedido, vou usar da prerrogativa de presidente e selecionar um dos dois outros sorteados. A não ser que o presidente queira me obrigar a fazer um novo sorteio — provocou Araújo.

Marcelo Nobre, advogado de Cunha, disse que o recurso foi feito ao plenário, mas que como o presidente é impedido — por ser o representado — a decisão caberá à Mesa Diretora da Casa.

— Vai à Mesa porque meu cliente é impedido, Quando há questão de ordem, quem decide ou é a CCJ ou a presidência. Como o presidente é impedido, quem decide é o substituto legal. Eu recorri ao Supremo e o Supremo decidiu que quem decide é a Câmara. Se a Mesa deferir o pedido, terá que ser designado outro relator — disse Nobre.

O recurso feito pela defesa que Cunha sustenta que Fausto Pinato não poderia ter sido escolhido relator do caso Cunha porque Pinato pertence ao bloco partidário do PMDB no Conselho de Ética. A composição dos blocos no conselho se deram conforme os blocos formados para a eleição da presidência e dos demais cargos da Mesa Diretora. Atualmente, o PRB não faz parte do bloco com o PMDB. Marcelo Nobre diz que só recorreu esta semana à Mesa e ao Supremo porque só na última segunda-feira o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), respondeu ao recurso sobre a suspeição de Pinato.

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) disse que a decisão liminar do Supremo não entrou no mérito do pedido de suspeição, feito pela defesa de Cunha, e que, de forma indireta, deixou a decisão nas mãos da Câmara.

— Estamos diante de uma situação que poderá colocar em risco o processo. Se nessa fase tiver que substituir o relator, concordo com sua posição. Mas aprovado o relatório e houver posterior decisão da Mesa, teríamos nulidade absoluta que impediria o processo seguir de onde ele se encontra —argumentou Marcos Rogério, acrescentando que ele já adiantou o voto a favor da abertura de investigação contra Cunha

STF NEGA PEDIDO DE CUNHA

Ontem, com manobras para adiar a votação, os aliados do presidente da Câmara conseguiram evitar a votação do parecer. Apesar dos protestos de deputados que queriam votar, como a sessão de votações na Câmara foi aberta às 17h09m, Araújo encerrou a sessão e convocou a de hoje. Em seguida, deputados se reuniram no plenário da Câmara para o início da sessão que vai definir a Comissão Especial de Impeachment.

No início da sessão, o advogado Marcelo Nobre, contratado por Cunha anunciou que seu cliente recorreu ao STF e ao plenário da Câmara contra a permanência de Pinato no posto de relator do processo de cassação. Em plenário, o recurso foi apresentado por outro aliado de Cunha, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB). Segundo Cunha, o colega não poderia estar na função, porque o Regimento Interno da Câmara não permite que o relator desse tipo de processo seja do mesmo bloco partidário do investigado.

OGlobo

Lula denuncia “golpe explícito” contra Dilma

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Em Berlim, onde participou da Conferência Internacional do Congresso do Partido Social-Democrata Alemã (SPD), nesta quarta-feira 9, o ex-presidente afirmou em seu discurso que a oposição no Brasil «não desceu do palanque» desde as eleições de 2014 e que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, «num gesto de vingança» contra o PT aceitou na semana passada um dos pedidos de impeachment apresentados contra a presidente Dilma Rousseff; Lula chamou a votação de ontem, secreta e com chapa alternativa para a formação da comissão de impeachment, de «afronta jamais vista no País»; «O que está em jogo não é o julgamento da presidenta Dilma, é o estado democrático de direito. Na verdade é uma tentativa de golpe explícito contra o Brasil e contra a presidenta Dilma Rousseff», disse.

O ex-presidente Lula denunciou nesta quarta-feira 9, de Berlim, na Alemanha, uma «tentativa de golpe explícito» contra a presidente Dilma Rousseff no Brasil e chamou a votação de ontem para a formação da comissão do impeachment – cheia de manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de «afronta jamais vista no País».

Para explicar a crise política no Brasil, Lula resgatou o fato de que o PT será o partido que mais governo o Brasil em 500 anos quando Dilma completar seu mandato, em 2018. «E me parece que alguns setores da sociedade brasileira, que perderam a quarta eleição no Brasil, não querem permitir que a presidenta Dilma complete o seu mandato», comentou.

Segundo ele, «depois que terminamos as eleições [de 2014], a oposição não conseguiu descer do palanque, ela continua fazendo campanha, e nós estamos passando por um momento político bastante delicado. Nós temos uma crise política, uma crise econômica e agora uma crise de denúncia de corrupção que já faz um ano que está permeando o noticiário da imprensa brasileira.»

Em seu discurso, o ex-presidente disse que Cunha «conseguiu a construção de um apoio muito grande» em torno do impeachment, mesmo que não haja «uma acusação contra a presidenta Dilma». «Entretanto, o presidente da Câmara aceitou um pedido de impeachment, num gesto de vingança», criticou Lula, em referência ao anúncio feito pelo PT de que votaria contra o deputado no Conselho de Ética.

«O que está em jogo na verdade não é o julgamento da presidenta Dilma, é o estado democrático de direito, é a grande conquista que nós fizemos», reforçou Lula. «E é bom lembrar que o Brasil vive hoje o período mais longo da democracia da nossa história», completou. Segundo ele, o que ocorre por aqui «é uma tentativa de golpe explícito contra o Brasil e contra a presidenta Dilma Rousseff».

Lula também comentou a votação ocorrida ontem no plenário da Câmara, depois de muito tumulto, xingamentos e urnas quebradas. Por meio de manobras promovidas por Cunha, os deputados votaram, secretamente, para a formação da comissão especial que discutirá o pedido de impeachment. Para isso, foi criada, porém, uma chapa alternativa, gesto que resultou em recurso apresentado pelo PCdoB ao STF.

«Ontem seria votada uma comissão que analisaria o impeachment… 62 nomes foram indicados pelos partidos. E o presidente da Câmara, numa afronta jamais vista no País, não aceitou a lista apresentada pelos partidos e apresentou a lista dele para concorrer. E resolveu que a votação seria secreta. Houve muita confusão, e a votação foi secreta, e ele ganhou», contou Lula.

«Mas ele ainda não conseguiu voto suficiente para a decisão do impeachment», continuou o ex-presidente, lembrando que «ainda ontem a Suprema Corte revogou todas as decisões do Congresso Nacional e nós vamos agora esperar uma semana, quando haverá o julgamento do plenário da Suprema Corte». «Em contrapartida, nós vamos para a rua para defender o mandato legitimamente eleito da nossa presidenta», anunciou o petista.

Brasil 247

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