Brasil: camioneros bloquean rutas en 14 estados del país y piden la renuncia de Dilma
Greve de caminhoneiros atinge catorze Estados
Um grupo de caminhoneiros iniciou na madrugada desta segunda-feira protestos em rodovias e avenidas de pelo menos catorze Estados. São eles: Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Em São Paulo, motoristas bloquearam a marginal Tietê durante quase três horas. O movimento, que pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff, foi organizado por motoristas autônomos desvinculados dos sindicatos.
De acordo com o organizador do movimento, Ivar Luiz Schmidt, não há previsão para o fim da greve. «Ficaremos paralisados até que a presidente Dilma renuncie», afirmou. Schmidt também foi o responsável por liderar a paralisação de fevereiro, que ocorreu em diversos Estados e chegou a afetar a distribuição de combustível pelo país. Na ocasião, o grupo pedia pela redução do preço do óleo diesel, criação do frete mínimo e liberação de crédito subsidiado para os transportadores. «As reivindicações (de fevereiro) não foram atendidas. Agora não queremos negociar, não aceitaremos acordo. Queremos a renúncia da presidente», afirmou Schmidt.
Apesar da articulação, a categoria representada pela Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga Geral do Estado de São Paulo não aderiu ao movimento. «Os sindicatos entendem que o governo federal tem dificuldades para cumprir todas as requisições. Por, isso não aderimos à greve», afirmou o presidente da Federação dos Caminhoneiros de Carga em Geral do Estado de São Paulo, Norival de Almeida Silva. Para Almeida, a paralisação não assusta. «Pelo que pudemos observar, são poucos os motoristas que vão aderir ao movimento», disse.
Confira abaixo os bloqueios e protestos em cada estado:
Bahia – Em Capim Grosso, manifestantes interditam o quilômetro 230 da BR 407 – no início do dia, eles queimaram pneus. Também estão bloqueadas a BR 116, no quilômetro 415, em Feira de Santana (BA); e a 407, no quilômetro 2, em Juazeiro (BA). Também há concentração de manifestantes em Barreiras (BA), no quilômetro 805 da BR 242, mas a via não está interditada.
Ceará – De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), por volta das 14h50, caminhoneiros bloquearam a BR 222, no quilômetro 318, na altura do município Tianguá, no Ceará. O bloqueio é para caminhões apenas.
Goiás – Motoristas bloqueiam a BR 040, no quilômetro, 12, em Luzitânia, e a BR 153, no quilômetro 430, em Anápolis. Além disso, em Jataí (GO), há interdição na BR 364, do quilômetro 196 ao 198.
Espírito Santo – Em Iconha, o quilômetro 375 da BR 101 tem protestos, mas bloqueio.
Mato Grosso do Sul – Estão interditadas as estradas BR 463, no quilômetro 105,4, em Ponta Porã; e a BR 267, no quilômetro 364, em Maracaju.
Minas Gerais – Estão interditadas as rodovias BR 381, do quilômetro 359 ao 513, na altura de João Monlevade (MG); a BR 262, no quilômetro 412, em Igaratinga (MG); e a BR 040, nos quilômetros 627, em Conselheiro Lafaiete (MG); e 398, em Bom Jesus do Amparo (MG).
Paraná – Motoristas protestam em três pontos diferentes na BR 376, no Paraná, na altura das cidades de Paranavaí, Nova Esperança e Apucarana. No Estado, também estão interditadas a BR 277, no quilometro 339, em Guarapuava (PR); a BR 153, quilômetro 111, em Ibaiti; a BR 476, no quilômetro 358, em União da Vitória.
Pernambuco – Em Petrolina, o quilômetro 130 da BR 407 está interditado.
Rio de Janeiro – Caminhoneiros bloqueiam o quilômetro 273 da BR 116, no sentido São Paulo, na altura do município de Barra Mansa. Apenas a faixa da esquerda está liberada.
Rio Grande do Norte – Há um ponto de bloqueio próximo à cidade de Mossoró. Cerca de cinquenta caminhoneiros interditam, desde as 6 horas, o quilômetro 51 da BR 304. O trânsito está liberado apenas para emergências e carros de passeio.
Rio Grande do Sul – Pela manhã, houve interdições em diversas vias do estado. Embora elas já tenham sido liberadas, ainda há protestos em cinco estradas federais que cortam o Estado. Na BR 285, caminhoneiros estão em cinco pontos da BR 285, do quilômetro 273 ao 497,9. Na BR 116, manifestantes estão nos quilômetros 397, em Camaquã; 40, em Vacaria; e 66, em Pelotas. Em Três Cachoeiras (RS), o quilômetro 21 da BR 101 tem protesto, assim como a BR 386, nos quilômetros 245, Tabaí; e 134, em Sarandi. Também há manifestação em dois pontos da BR 472, que cruza a cidade de Santa Rosa. São eles os quilômetros 155,5 e 168.
Santa Catarina – Há dois pontos de bloqueio na BR 116, no quilômetro 54, em Papanduva (SC); e no quilômetro 138, em Santa Cecília (SC). Na cidade de São Bento do Sul (SC), o quilômetro 122 da BR 280 está bloqueado parcialmente. No trecho, os caminhoneiros deixam livre a passagem para automóveis e ônibus.
São Paulo – Os caminhoneiros interditaram totalmente a pista expressa da Marginal Tietê, na altura da Ponte da Casa Verde, na Zona Norte da cidade, por quase três horas. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os motoristas começaram a ocupar o local por volta das 11 horas e a pista foi totalmente liberada às 13h55.
Tocantins – A BR 153 está parcialmente interditada, próximo ao município de Colina.
«É renúncia ou impeachment», diz líder de caminhoneiros sobre Dilma
Um dos líderes dos caminhoneiros que estão mobilizados no País afirma que não há negociação com o governo federal. Fábio Roque, do Comando Nacional do Transporte, declarou que os protestos iniciados nesta segunda-feira (9) seguirão enquanto a presidente Dilma Rousseff estiver no poder.
«É renúncia ou impeachment», afirmou o manifestante, em entrevista ao programa Gaúcha Repórter de hoje.
Caminhoneiro de Santa Rosa, Fábio Roque diz que a mobilização – que está sendo organizada há mais de uma semana – é uma sequência dos protestos de fevereiro, que, segundo ele, não resultaram em medidas concretas para a categoria.
Roque também disse que o protesto é pacífico e citou alguns dos veículos que têm passagem livre nas rodovias – como caminhões com leite, ração animal, lixo, remédio e comida para hospitais, além de ambulâncias, ônibus, motos e automóveis.
Ele garantiu ainda que não há intimidação com caminhoneiros que não participam dos atos. Ao mesmo tempo, falou em risco para quem continuar trafegando.
«Então eu dou um recado aqueles que dizem que são obrigados. Ninguém é obrigado. Vocês são convidados a aderirem ao movimento. Vai da cabeça de cada um. Agora o risco de você ficar rodando é iminente», declarou.
O chefe de policiamento e fiscalização na Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Estado, inspetor Paulo Júnior, classifica o atual momento como preocupante, mas sob controle. Ele adianta que a segurança das rodovias será reforçada durante a noite, em razão de alguns casos de apedrejamento na madrugada passada.
«A PRF vai reforçar as equipes durante a noite, porque se preocupa com isso. Mas quer entender que quem pratica esses atos são vândalos e criminosos», afirma o inspetor.
‘Queremos que o povo vá para a rua e não fique só nas redes sociais’
Por trás da manifestação de caminhoneiros que começou nesta segunda-feira, 9, em 15 Estados brasileiros está um catarinense de 44 anos, nascido na cidade de Palmitos, e que passou os últimos 16 anos em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ivar Luiz Schmidt é o líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), que desafiou as principais centrais sindicais da categoria e conseguiu paralisar parte das estradas nacionais.
Por meio das mídias sociais, ele criou uma rede de comunicação de Norte a Sul do Brasil. Inicialmente foram montados três grupos-mãe no aplicativo WhatsApp com 300 pessoas, sendo que cada uma delas criou as próprias ramificações. Schmidt participa de apenas 64 desses grupos para não se sobrecarregar. Além do aplicativo, o Facebook tem sido alimentado simultaneamente aos eventos. Ontem vários vídeos e depoimentos foram postados no decorrer do dia com as conquistas do grupo.
Em entrevista ao Estado, o líder do CNT diz que, a princípio, não há interesse em negociar com o governo federal e que o principal objetivo é derrubar a presidente Dilma Rousseff. “Entregamos uma pauta para o governo em 4 de março e, em oito meses, o que foi atendido é irrelevante. Por causa disso, e do clima em que se encontra o País, com inflação elevada e aumentos consecutivos dos combustíveis e da energia elétrica, achamos por bem pedir a renúncia da presidente. Não acreditamos mais que ela seja capaz de conduzir o País para fora do abismo no qual se encontra.”
Entre as reivindicações feitas pelos caminhoneiros no início do ano, estão a manutenção do preço do diesel e a prorrogação por 12 meses do pagamento das dívidas para compra de veículos. No acordo firmado com os sindicalistas, o governo aceitou a prorrogação, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não teria dado o aval, afirmou um sindicalista.
Sem partido. Schmidt, que nega qualquer filiação partidária, afirma que as paralisações devem aumentar nos próximos dias. Ele afirma que não é do interesse do grupo provocar escassez ou elevação dos preços de produtos no País, mas sim pressionar o governo e fazer com que o povo acorde – mas, em gravações que circulam pelo WhatsApp, caminhoneiros afirmam que vão “tacar fogo nos caminhões se não cumprirem a paralisação”.
“Queremos que o povo vá para a rua e nos apoie, protestem e não fiquem só nas redes sociais reclamando do governo. Se isso não ocorrer, ficará provado que o povo está gostando desse governo.” Sobre os movimentos Brasil Livre e Vem pra Rua, ele destaca que a única coisa em comum é a pauta.
O líder do CNT se diz um “empresário falido”, sufocado pela enorme carga tributária que recai sobre as empresas. Hoje, ele afirma que é autônomo e só tem um caminhão. Na internet, no seu perfil no Linkedin, ele declara que é sócio da Roda Brasil Transportes. Segundo Schmidt, as adesões ao movimento não incluem apenas autônomos, mas também grandes empresários do setor.
Mas ele não conta com o apoio das centrais sindicais, como a União Nacional dos Caminhoneiros, Associação Brasileira dos Caminhoneiros e União Brasil Caminhoneiro – essa última teve grande participação nas paralisações do início do ano, ao lado do próprio Schmidt.
“Eu imagino que eles estejam sendo muito pressionados pelo governo”, destacou o novo líder dos caminhoneiros.
Entre alguns sindicalistas, o movimento de Schmidt é chamado de “anômimo”, que faz barulho pelas redes sociais.