Exmandatario Collor de Mello y presidente de Diputados son denunciados por corrupción

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Cunha e Collor são denunciados ao STF por corrupção e lavagem

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o senador Fernando Collor (PTB-AL), por corrupção e lavagem de dinheiro. Janot pede a restituição do produto e proveito dos crimes no valor de US$ 40 milhões e a reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública também no valor de US$ 40 milhões.

Também é alvo de denúncia de Janot a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), por corrupção passiva.

Cunha é acusado de receber propina do empresário Júlio Camargo para facilitar a assinatura de contratos de aluguel de navios-sonda entre a empresa Samsung Heavy Industries e a Petrobras. Em depoimento ao grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República e à Justiça Federal de Curitiba, o empresário disse que uma das parcelas do suborno seria de US$ 5 milhões.

No caso de Collor, as investigações indicam que o parlamentar recebeu cerca de R$ 26 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Collor também foi alvo da Operação Politeia, fase da Lava Jato que apreendeu três carros de luxo na Casa da Dinda, residência particular do ex-presidente. Na ocasião, a PF encontrou uma Lamborghini, uma Ferrari e um Porsche.

O STF terá agora de decidir se aceita ou não a denúncia. Se aceitar, os denunciados se torna réus e responderão a ações penais no Supremo – devido ao foro privilegiado decorrente da condição de parlamentar, Cunha não pode ser processado em outra instância da Justiça.

Após o recebimento da denúncia, o ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos da Operação Lava Jato referentes a autoridades com foro privilegiado, notificará as defesas para apresentação de respostas por escrito.

Na quarta-feira (19), Cunha afirmou que não pretende deixar a presidência da Câmara, mesmo se fosse denunciado ao STF. «Eu não farei afastamento de nenhuma natureza. Vou continuar exatamente no exercício pelo qual eu fui eleito pela maioria da Casa. Absolutamente tranquilo e sereno com relação a isso», afirmou.

Eduardo Cunha enfatizou que não mistura o papel de presidente da Câmara com as eventuais situações que possam envolver o seu nome. «Exercerei o meu papel de presidente da forma que, institucionalmente, eu tenho que exercer. Eu não faço papel de retaliação nem tomo atitudes por causa de atitudes dos outros». O presidente da Câmara disse ainda que não pretende usar o plenário para discursar em sua defesa.

Reações de deputados

Poucas horas depois da denúncia no STF, um grupo de parlamentares divulgou manifesto pedindo que Cunha se afaste do cargo. O documento é assinado por parlamentares do Psol, PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR, PSC e Pros. Os deputados não souberam precisar quantos parlamentares aderiram ao movimento. Henrique Fontana (PT-RS), Alessandro Molon (PT-RJ), Glauber Braga (PSB-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (Psol-RJ) e Ivan Valente (Psol-SP) assumiram a liderança da reivindicação.

O texto alega que a denúncia de Janot tem provas “robustas” e “torna insustentável” a permanência de Cunha no cargo. “Cunha é formalmente acusado de ter praticado crimes. Com a denúncia do Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado, que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria defesa”, diz o manifesto.

O líder do Psol, Chico Alencar, disse que uma eventual representação do partido no Conselho de Ética pedindo a cassação de Cunha por quebra de decoro só virá depois que o STF aceitar a denúncia e o presidente passar a ser tratado como réu na ação. Não há prazo para isso.

Prerrogativa

O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), minimizou o impacto da denúncia contra o presidente da Câmara. “Nossa posição é de respeito à atuação do Judiciário, do Ministério Público, resguardando o direito à ampla defesa que deve ser assegurado a qualquer cidadão, inclusive ao presidente da Câmara dos Deputados”, disse.

“Temos de aguardar os desdobramentos naturais decorrente de um fato importante, grave, respeitando o princípio da ampla defesa”, acrescentou Mendonça Filho. Segundo ele, ninguém pode ser condenado previamente. “A apuração das denúncias deve ocorrer dentro de um clima de absoluta amplitude, para que a verdade venha à tona”, avaliou.

Jornal do Brasil

Após denúncia, Cunha acusa o governo de atuar junto com Janot para ‘calar e retaliar’ sua atuação política

Depois de ler as 85 páginas da denúncia feita pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) divulgou nota à imprensa. No texto, ele acusa o governo de agir junto com Rodrigo Janot, para que ele fosse escolhido como o primeiro da lista a ser denunciado na Operação Lava-Jato. Janot foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ser reconduzido ao cargo e será sabatinado na próxima semana no Senado.

O presidente da Câmara voltou a dizer que não participou e não participa de nenhum “acordão”, criticou o fato de não haver denúncias contra petistas e membros do governo com foro privilegiado e disse que, depois de ter sido escolhido para ser investigado, agora foi escolhido para ser denunciado, “figurando como o primeiro da lista”.

“Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos a comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do procurador, na tentativa de calar e retaliar minha atuação”, disse Cunha na nota. “Respeito o Ministério Público Federal, como a todas as instituições, mas não se pode confundir trabalho sério com trabalho de exceção, no meu caso, feito pelo procurador-geral”, acrescentou em outro trecho.

Cunha afirmou ainda estar «absolutamente sereno» e refutar as “ilações” da denúncia. Disse estar com a consciência tranquila e que continuará presidindo a Câmara “com a mesma lisura e independência que sempre nortearam” seus atos. Lembrou que em 2013 foi denunciado pelo MP por outro motivo, a denúncia foi aceita e, em 2014, ele foi absolvido por unanimidade pelo Supremo. “Isso corrobora o previsto na Constituição federal, da necessidade do princípio da presunção da inocência”. Cunha encerra a nota dizendo confiar “plenamente na isenção e imparcialidade” do Supremo para “conter essa tentativa de injustiça”.

Depois de ler a nota, segundo deputados que estavam com ele, Cunha classificou a peça como “ridícula” e sem consistência.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, respondeu ao presidente da Câmara. Também em nota, o ministro afirmou que «o governo da presidente Dilma (Rousseff) acredita na isenção das instituições que apuram as denúncias». E informou que o Palácio do Planalto não comentaria «o conteúdo da manifestação» de Cunha.

O Globo

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