Dilma defiende a su ministro de Economía: «Es injusto y errado tratarlo como Judas»

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Em defesa prévia de Levy, Dilma diz que é injusto e errado tratá-lo como ‘judas’

­ A presidente Dilma Rousseff disse ontem ao Estado que o ministro Joaquim Levy não pode ser transformado em um  “judas” por causa das medidas impopulares do ajuste fiscal.

Trata­se de uma defesa prévia das críticas contra o titular da Fazenda que o PT planeja lançar a partir de quinta­feira, ao promover o 5.º Congresso do partido, em Salvador.

“Não se pode fazer isso, criar um judas. Isso é mais fácil. É bem típico e uma forma errada de resolver o problema”, afirmou Dilma em um café da manhã após pedalar por 45 minutos nas redondezas do Palácio da Alvorada com a reportagem do Estado. Na conversa, a presidente tratou de temas em debate no Congresso, como a revisão da desoneração da folha salarial de setores econômicos, a terceirização e a maioridade penal, além do escândalo de corrupção que atingiu a Fifa.

Para a presidente, “quem tiver de ser punido, que seja”, mas afirmou não acreditar que as denúncias cheguem ao evento realizado no Brasil. “Não precisamos pagar ninguém para trazer a Copa para cá.” A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva:

As críticas do PT a Levy

“Todo mundo aguenta. Eu acho injustas (as críticas a Levy) porque não é responsabilidade exclusiva dele. Não se pode fazer isso, criar um judas. Isso é mais fácil. É bem típico e uma forma errada de resolver o problema.”
Fator previdenciário “Não falo (sobre veto). A proposta de 85/95 (que dá aposentadoria integral a mulheres cuja soma da idade com o tempo de contribuição for 85 anos e, no caso de homens, 95) causa problemas para a Previdência e precisa ser alterada. A proposta de ser progressiva é viável. Mas ainda estamos estudando. Tem de ter mudanças.”

Desoneração

“Toda esta crise (externa) levou a que não tenhamos equilíbrio fiscal suficiente para uma política fiscal expansiva e, por isso, vamos fazer o ajuste, que tem de ser forte o suficiente para permitir que a gente volte a crescer. Não pode ser nem excessivo, nem limitado. Por isso a gente insiste com o Congresso que a lei de desoneração seja aprovada. Isso é fundamental para o País porque reduz perdas fiscais.”

Ajuste fiscal

“A retomada do crescimento começa com o ajuste e se complementa com medidas que vamos anunciar até agosto. Tem o Programa de Investimento em Logística (PIL, que será divulgado amanhã) e até o dia 15 lançamos o Plano Safra da Agricultura Familiar.

Depois vêm o Programa Nacional de Exportação e o Minha Casa Minha Vida 3. Além disso, a Petrobrás deve concluir seu plano de investimentos, com horizonte até mais cinco anos, com foco em exploração e produção. No Plano de Logística, tem quatro aeroportos, todos os portos, aeroporto regional.

A maioria é de obras públicas, porque não fica de pé pelo PIL. A ferrovia bioceânica (transoceânica) vai fazer parte do pacote, mas estamos concluindo os estudos e não temos noção integral ainda (do valor da obra), porque tem a parte brasileira e a peruana. Mas sem sombra de dúvida terá uma parte de financiamento chinês e vai ter de ser feito um leilão.”

Relação com o Congresso
“Vocês falam muito que a relação está difícil, mas temos tido um processo de discussão bastante efetivo e eu não diria que é tão diferente do passado. Até agora, não tivemos uma derrota do tamanho daquela da CPMF (extinta em 2007), a mais grave derrota dos últimos anos para o governo. O governo não está a reboque do Congresso. Pelo contrário. Temos relação independente e harmoniosa. Se você for olhar, o Congresso, até agora, não se caracterizou por dar uma derrota ao governo. Pode pautar algumas questões que nós não concordamos. Agora, isso é da democracia.”

Crise na Fifa

“Se tem problema na CBF, na Fifa, que comece a ser investigado. Quem tiver de ser punido, que seja. E que se coloque de forma clara que estes organismos têm de ser transparentes e prestar contas, porque mexem com volume grande de dinheiro. Não vejo motivo (para chegar à Copa no Brasil). O Brasil não é um país qualquer em matéria de futebol. Não precisamos pagar ninguém para trazer a Copa, que foi a mais lucrativa que se tem notícia. Por aí eu não acho que é a questão, não. Mas que tem de investigar todas as decorrências e as relações entre a Fifa e todas as Copas, acho que tem. Todas, sem exceção.”

Renúncia fiscal na Copa

Petrobrás

“Nós viramos uma página. A imagem da Petrobrás vai depender muito da vida dela daqui pra frente. A Petrobrás recuperou a capacidade de produzir. Não que estivesse comprometida, mas não é fácil produzir pré­sal. Este ano a Petrobrás conseguiu duas coisas: publicou o balanço após os problemas gravíssimos que a (Operação) Lava Jato levantou. Mas uma empresa que tem mais de 90 mil funcionários, que ganhou o prêmio na OTC (Offshore Technology Conference, entidade do setor de energia) por inovação, pela capacidade de extrair de áreas profundas, não está comprometida por cinco, seis, sete, ou sei lá quantos anos. A Petrobrás tem hoje todas as condições, mas, obviamente, o mercado precisa ajudar.”

Lei das Estatais

“Eles (presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB) têm todo o direito de pedir a informação quantas vezes quiserem. Mas eles não estão querendo nomear os presidentes das estatais, porque seria interferência em atribuições do Executivo. Fiscalização é praxe. Qualquer um tem de ir dar explicação no Congresso, não tem problema.”

Terceirização

“Tem de regulamentar, mas não estou acreditando que vão votar a terceirização agora, porque no Senado não é a mesma coisa que na Câmara. Eu não acho que é tão fácil. Eu não sou contra a terceirização. Você tem mais de 12 milhões de trabalhadores terceirizados que precisam ter seus direitos protegidos. Porém, tem de cuidar para não acabar com a diferença entre atividade­meio e atividade­fim, porque aí você ‘pejotiza’ e informaliza o mercado de trabalho, que eu acho que é a grande característica ruim da lei.”

Redução da maioridade penal

“Eu não sou a favor por um motivo muito simples: onde ocorreu, ficou claro que isso não resultava em proteção aos jovens. Defendemos um projeto de lei no qual puniríamos fortemente o adulto da quadrilha que usasse criança e adolescente como escudo. E o crime hediondo praticado por menor tem de ter tratamento diferenciado.

As medidas socioeducativas têm de ser prolongadas.”

“Todos os países deram. Não é esse dinheiro que teve problema. É a venda de publicidade e de transmissão, onde estão os maiores volumes. Quem utilizou indevidamente os recursos, pegou dinheiro que poderia melhorar o futebol do mundo, inclusive o nosso, e usou para seus próprios fins tem de ser investigado.”

Estadao

Cúpula do PT acata fala de Dilma e promete não tratar Levy como ‘judas’

Um dia após a presidente Dilma Rousseff dizer ao Estado que não se pode transformar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em “judas” para ser malhado no 5.º Congresso do partido, de quinta­feira a sábado, em Salvador, a direção do PT e a corrente majoritária da legenda amenizaram as críticas à política econômica do governo. Embora seja esperado que a resolução final da reunião contenha reparos ao ajuste fiscal, as declarações de Dilma e o pedido do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT “olhe para a frente” enfraqueceram as posições radicais. “A maioria do partido não vai fazer isso (transformar Levy em ‘judas’).

Temos que preservar o ministro”, disse o deputado estadual José Américo Dias (PT­SP), secretário nacional de Comunicação da legenda. A ordem, agora, é reduzir a pressão sobre Levy, não personalizar as críticas e apresentar uma agenda “pós­ajuste”, com um cardápio de propostas para sair da crise. Mesmo assim, a cúpula do PT avisou ao Palácio do Planalto não ser possível impedir manifestações individuais e faixas de “Fora Levy” no evento. Apesar dos pedidos de Lula e do recado claro de Dilma, setores do partido devem manter os ataques ao ministro.

“Consideramos que a política de ajuste fiscal regressivo e recessivo inaugurada com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda coloca o PT contra a classe trabalhadora”, diz um documento assinado por líderes sindicais petistas, entre eles Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e João Felício, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), ambos muito próximos de Lula.

Na tentativa de evitar os protestos contra o titular da Fazenda, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, foi escalado para conversar com líderes do PT. “Levy está no caminho certo”, disse Wagner ao Estado. “Além de ajustar as contas e a economia, vai apontar novos caminhos para a retomada do desenvolvimento com crescimento e renda.

Nós confiamos nele.” A agenda pós­ajuste que o PT vai apresentar no 5.º Congresso prevê a defesa do imposto sobre grandes fortunas, da taxação de heranças e do lucro líquido das empresas. O PT também vai pregar a volta da CPMF. Sem pedras. “Não existe separação entre o partido e o governo”, afirmou Francisco Rocha, o Rochinha, coordenador da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual Lula faz parte.

Em carta enviada aos 800 delegados do encontro de Salvador, Rochinha lembrou que o ex­presidente também promoveu corte de gastos e disse que nenhuma tendência do PT pode se “arvorar” em criticar o ajuste porque todas estão presentes no partido, no governo e, portanto, têm “telhado de vidro”. “Por acaso José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria­Geral da Presidência) não apoiam o ajuste fiscal?”, provocou o dirigente petista, em referência aos ministros da Mensagem ao Partido, segunda maior corrente petista, que lidera as críticas à política econômica de Levy, e da Democracia Socialista (DS), ala mais à esquerda da sigla.

“Então, que não venham atirar a primeira pedra.” Na mesma linha, o ex­presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (SP), do Movimento PT – fiel da balança em votações internas –, disse não se incluir entre os que querem malhar Levy. “Se temos de fazer reparos à política econômica, que façamos ao governo, porque, caso contrário, estaremos terceirizando as críticas.” Integrante da Mensagem, o secretário de Formação Política do PT, Carlos Árabe, prevê a formação de “dois blocos” no encontro.

“Um defendendo mudança na política e na estrutura partidária, e outro pela manutenção das posições conhecidas até agora, podendo até recuar na questão do financiamento empresarial”, provocou. “Nós queremos a mudança.”

Estadao

 

 

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