Vicepresidente pide a partidos aliados apoyo para ajuste fiscal que se vota esta semana

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Temer pede para PT se unificar na votação das MPs do ajuste fiscal

O vice Michel Temer, que é articulador político do governo, pediu nesta segunda-feira que o PT se unifique para a votação das duas Medidas Provisórias (MPs) do ajuste fiscal que serão votadas nesta semana. As matérias, que endurecem a concessão do seguro desemprego, pensão por morte e outros benefícios trabalhistas, contaram com críticas dentro do próprio partido da presidente Dilma Rousseff. Desde o início, o PMDB de Temer vem reclamando de que não quer assumir sozinho o ônus de encampar essa pauta.

— Estou até sugerindo ao PT, o PT que tem entrosamento com os trabalhadores, com as centrais, para que o PT por inteiro se dedique a essa aprovação, assim como os demais partidos da base aliada. Tenho certeza de que o PT e os demais partidos da base aliada estarão convencidos e unificados, é importante que haja unidade dos partidos nessa matéria. De vez em quando ouço dizer que há uma ou outra divergência em um ou outro partido, acho que não é possível fazer isso num momento que o país precisa de um ajuste econômico — disse Temer, evitando acusar o PT explicitamente.

Temer vai se reunir com líderes da base aliada e ministros da equipe econômica do governo na tarde de hoje para amarrar os detalhes da votação das MPs. Ele disse que está trabalhando para que seu partido vote, em peso, em favor das matérias.

Segundo o vice, o governo não tem uma conta sobre o ajuste que será possível com a aprovação dos dois textos. A proposta enviada pelo governo ao Congresso previa uma economia anual de R$ 18 bilhões. Mas nas negociações, o governo teve que ceder e não será possível manter esse montante. Ele disse que se não houver ajuste, o contingenciamento do governo ao Orçamento será «muito radical».

— Eu não sei quantos bis (bilhões – o governo vai conseguir alcançar ao fim das negociações). Mas serão vários bis (sic) em favor do país. Se não houver o ajuste, o contingenciamento será muito radical. Se houver o ajuste, o contingenciamento será muito menor — disse Temer.

O vice minimizou as rusgas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a presidente Dilma Rousseff, e disse que o senador é um homem elegante. Na semana passada, Renan disse que era ridículo Dilma se privar de fazer o tradicional pronunciamento do Dia do Trabalho em cadeia nacional de rádio e TV.

— Naturalmente há uma ou outra divergência não de natureza pessoal, nem de natureza institucional, muitas vezes de concepção. Mas nós temos falado, intermediado, conversado. Não há nenhum problema. E tenho absoluta certeza de que eu, Renan, Eduardo Cunha, todos nós, caminharemos em favor do país.

— Acho que o Renan tem duas qualidades. Primeiro ele é um homem elegante. Em segundo lugar, tem uma longa trajetória pública muito compatível com as necessidades do país — afirmou.

O Globo

Levy pede que ajuste fiscal não seja empurrado para o ano que vem

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que é preciso acelerar a
execução do pacote de ajuste fiscal para que as medidas de equilíbrio das contas públicas possam ter efeito ainda neste ano na economia.

Num recado ao Congresso, que votará nesta semana medidas propostas pela equipe econômica, o ministro afirmou que o governo «não quer ficar empurrando o ajuste para o ano que vem».

«Temos de fazer rápido e sem deixar resíduos que possam impactar a inflação no ano que vem. A postergação não é uma boa política e o medo de fazer rápido não é um bom conselheiro», afirmou nesta segunda­feira (4) em evento de comemoração dos 15 anos do jornal «Valor Econômico», em São Paulo.

Segundo Levy, uma das reformas mais importantes é a de repensar a maneira como a infraestrutura do país é financiada, em referência à tentativa do governo de reduzir os subsídios por meio do BNDES (banco público de fomento).

O ministro destacou ainda a importância da alteração das regras de
desoneração da folha de pagamento. De acordo com Levy, a aprovação do tema é «urgente» para que o país volte a crescer.

Levy afirmou que o custo das mudanças precisa ser distribuído por todos os setores. «Os trabalhadores estão dispostos. Precisamos fazer isso sem tirar nenhum direito. As empresas também terão de se ajustar», afirmou.

VIRAR A PÁGINA

Para o presidente do Grupo Folha, Luiz Frias, o ajuste fiscal é necessário e inadiável e não pode esgotar­se em si mesmo.

«É o primeiro passo de uma série de reformas de difícil organização e que, por isso, vêm sendo adiadas por tempo demais», disse o executivo. «O Brasil merece virar logo essa página para crescer mais e melhor.»

O vice­presidente do Grupo Globo, José Roberto Marinho, ressaltou a independência editorial do «Valor».

«O ‘Valor’ defende a livre iniciativa e a defesa da ética e da seriedade na gestão pública, um assunto tão presente neste momento.»

Falando a uma plateia de empresários e executivos, a diretora de Redação do «Valor», Vera Brandimarte, fez uma homenagem a Celso Pinto, responsável pela montagem do jornal e seu primeiro chefe. O jornalista licenciou­se da publicação há 12 anos.

Folha de S. Paulo

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