João Pedro Stédile, dirigente del Movimiento Sin Tierra (Brasil): «Las manifestaciones del día 15 tienen una motivación claramente golpista»
João Pedro Stédile, um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) confirmou que haverá manifestação a favor da Petrobras na próxima sexta-feira (13), em antecipação aos protestos contra o governo marcados para domingo (15).
O Jornal do Brasil conversou com o líder do movimento, que deu mais detalhes sobre o ato do dia 13 de março. Stédile também comentou as passeatas a favor do impeachment.
JB: A manifestação que vai ocorrer no dia 13 de março, coincide com o comício da Central do Brasil em 1964, no mesmo dia do mês, e também numa sexta-feira.
A preocupação com a data é para coincidir mais ou menos com as mesmas razões de 51 anos atrás quando o governo pedia as Reformas de Base, além da defesa da Petrobras e a estatização de empresas de petróleo entre outras razões?
Hoje, a manifestação, além de fazer a defesa intransigente do petróleo nacional de uma tentativa clara que se percebe de destruir o monopólio do petróleo e de desmoralizar a Petrobras é também contra a reforma fiscal como proposta pelo governo?
João Pedro Stédile: A realização da jornada de luta nacional, no próximo dia 13 de março, é apenas uma feliz coincidência com aquele histórico comício de 1964. Ainda bem que a história não se repete e jamais teremos outro 1º de abril.
Os movimentos populares, CUT, FUP, petroleiros, UNE e MST chamados para o ato, estamos preocupados com a situação política do país e convocamos nossas bases a se manifestar em defesa da Petrobras contra seus corruptos. Porém, achamos que a corrupção não se resolve apenas com CPI e demissões. Somente vamos resolver a corrupção do país, que vem desde que aqui chegaram os portugueses, com uma reforma política profunda.
E nessa reforma política a primeira coisa é proibir o financiamento privado das campanhas, que as empresas sequestraram a democracia no Brasil. E precisamos devolver ao povo o direito dele de escolher seus representantes, sem influência do poder econômico. E a segunda medida é aprovar o projeto de lei no Congresso, apresentado por dezenas de entidades da coalizão democrática, que prevê mudanças na forma de eleição e de funcionamento dos partidos, e o direito do povo a convocar plebiscitos.
E por fim, o Congresso precisa aprovar a realização de um plebiscito popular, que o povo decida se quer a convocação de uma assembleia constituinte ou não. E com isso, daria a legitimidade jurídica para que fosse convocada uma assembleia constituinte, exclusiva para a reforma política.
As passeatas do dia 15 de março, fomentadas pelos que querem o desrespeito às leis e à Constituição, têm por parte dos senhores nessa passeata do dia 13, manifestação ostensiva de posicionamento contrário?
Nós defendemos a democracia e o direito da direita de se manifestar também nas ruas, desde que respeite o direito de todos.
Mas as manifestações do dia 15 têm uma motivação claramente golpista, de criar um clima de destruição da Presidenta, que não tem nenhuma base legal. É gente que não conseguiu ainda engolir que a maioria do povo brasileiro não quer uma política neoliberal. Mas queremos aprofundar as reformas para que o povo possa viver melhor.
O MST poderia oferecer mais razões sobre o movimento do dia 13 de março?
Também nos mobilizaremos contra os ajustes neoliberais que o ministro Levy está implementando e que estão retirando direitos dos trabalhadores. O verdadeiro problema do orçamento brasileiro é manter uma política burra, de superávit primário, que transfere todos os anos, mais de 200 bilhões de reais de dinheiro publico, do tesouro para os bancos na forma de pagamento de juros de uma divida interna, que nunca ninguém explicou como surgiu e como se multiplica.
E queremos nos manifestar também para que a presidenta assuma a pauta positiva de mudanças propostas no segundo turno de 2014, quando defendemos a reforma urbana, uma reforma tributária e a reforma agrária.