Tras nuevas detenciones, Dilma dice que el caso Petrobras «cambiará a Brasil para siempre»
Dilma: ‘Operação Lava Jato pode mudar país para sempre’
Em sua primeira entrevista coletiva desde que chegou à Austrália, onde participa da reunião de cúpula do G-20 (entre líderes dos 19 países mais poderosos do mundo e da União Europeia), a presidenta Dilma Rousseff disse que os desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras, pode ‘mudar o país para sempre’. Ela fez a afirmação ao reafirmar que o caso é o primeiro escândalo a ser realmente investigado pelo próprio governo federal, o que classificou como «um diferencial imenso».
«Você não vai acreditar que nós tivemos o primeiro escândalo da nossa história. Nós tivemos o primeiro escândalo da nossa história (sendo) investigado. Há aí uma diferença substantiva e eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido de que vai se acabar com a impunidade. De que vamos mostrar que ela (a investigação) não é algo ‘engavetável'», afirmou.
Dilma também alertou para o risco de setores da sociedade tentarem fazer uso político das informações sobre as investigações. «A gente tem de ter cuidado, porque nem todas as investigações a gente pode dar como concluídas. Não se pode sair por aí já condenando A, B, C ou D.»
Dilma reafirmou a convicção de que a Operação Lava Jato representa uma virada na luta contra a impunidade no país, sobretudo de corruptores»Ela é uma investigação que vai, necessariamente, colocar à luz do sol todos os processos de corrupção ou, inclusive, de uso internacional de algumas atividades. Ela é uma das muitas (formações de cartel para corromper funcionários públicos) que ocorreram no Brasil e que nunca foram investigadas. Essa, talvez, seja a grande diferença dela. Ela está sendo investigada.»
Empresa
Questionada sobre que ações pretende tomar em relação à Petrobras, Dilma Rousseff frisou que as investigações dizem a respeito a funcionários da estatal envolvidos com as denúncias, e alertou que é preciso separar a empresa dos atos cometidos por parte de seus empregados.
A maioria absoluta dos funcionários da Petrobras não é corrupta. Agora, tem pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da Petrobras. Então, não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa. O que nós temos de condenar são pessoas. Pessoas dos dois lados: os corruptos e os corruptores. Eu acredito que a questão da Petrobras é simbólica para o Brasil. Acho que é a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos.»
Dilma completou, voltando a lembrar que a Lava Jato é uma operação comandada por seu governo inédita na história republicana do país. «É a primeira. E que vai a fundo. Agora, nós podemos listar uma quantidade imensa de escândalos no Brasil que não foram levados a efeito. E talvez sejam esses escândalos que não foram investigados que são responsáveis pelo que aconteceu na Petrobras.»
Punição devida
Jornalistas presentes à coletiva, ao insistir na tese da politização das denúncias na Petrobras, ouviram novamente de Dilma a explicação de que as investigações têm objetivo claro e definido e que não devem ser tratadas de forma generalizada.
«O fato de que você tenha dentro da Petrobras uma quantidade de pessoas que cometeram atos de corrupção não significa que todos os atos da Petrobras sejam praticados por corruptos. Essa é uma conclusão incorreta. O que significa investigar? Atribuir responsabilidades por quem praticou atos ilícitos. Quem praticou atos ilícitos vai ter de ser punido. Agora, não se pode responsabilizar todos, inclusive, os que não praticaram atos ilícitos. Isso não seria correto e, pelo contrário, levaria a algo que beneficiaria os corruptos, na medida que você não tipifica culpa. A culpa tem de ser tipificada e identificada para ela poder ser, de fato, considerada culpa pela lei brasileira ou pela lei de qualquer país. Não há culpa genérica, há culpa concreta»‘
Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista para pedir impeachment de Dilma
Entre 5 mil e 6 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), concentraram-se neste sábado (15) em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) onde fecharam todos os sentidos da Avenida Paulista. Eles pediram o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A manifestação foi acompanhada por mais de 500 policiais militares.
Em sua maioria, os manifestantes vestiram camisas nas cores verde e amarelo e seguravam bandeiras do Brasil gritando “fora PT”. A maior parte deles fez uma caminhada pela Avenida Paulista em direção a Praça da Sé.
Cinco trios elétricos foram parados em frente ao Masp e dividiram os manifestantes. Em minoria, alguns manifestantes defenderam a ditadura militar e, em outro grupo, pessoas que se manifestaram contra a ditadura e defendiam a democracia. No entanto, esse grupo que reuniu a maioria dos manifestantes, pediu a anulação das eleições.
O período da ditadura militar durou 20 anos (1964-1985) e ficou conhecido como “os anos de chumbo”. Os militares e civis que aderiram ao golpe de 1964, perseguiram, torturaram e mataram estudantes, artistas, jornalistas, políticos e qualquer pessoa que fosse contrária ao regime. Os direitos civis foram cassados pelos generais presidentes e o Congresso foi fechado. Os perseguidos foram obrigados a deixar o país para não sofrerem as consequências do regime militar.
O representante da Liga Cristã Mundial, padre Carlos Maria de Aguiar, iniciou o ato, de cima de um dos trios elétricos, pedindo o impeachment de Dilma porque, segundo ele, os brasileiros foram “roubados e vilipendiados”. O padre também declarou ser contra a ditadura dos gays. “O movimento LGBT está querendo impor ao Brasil uma demonização do cristianismo, do catolicismo e dos religiosos em geral. Mas nós, queremos que cada pessoa seja respeitada”, disse, depois, em entrevista.
Em cima do trio e vestindo uma camisa da Seleção Brasileira de Futebol o deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) defendeu a saída de Dilma da Presidência. “O que nos move aqui é o desgoverno do PT, os diversos escândalos e o investimento do Brasil em Cuba. Essas condutas deixam o povo indignado”, disse. Bolsonaro acrescentou as denúncias de corrupção na Petrobras como outro fato que deixa a sociedade «indignada”.
Em entrevista, o deputado eleito, que compareceu armado na primeira manifestação contra o governo de Dilma, na capital paulista, disse que hoje, não portava sua arma. “Tenho amigos fazendo a minha segurança aqui e decidi não vir armado”.
Perguntado por que participou da primeira manifestação portando arma de fogo, ele respondeu que é policial. “A conduta normal de um policial é andar armado mesmo fora de serviço”. Sobre a divisão dos manifestantes entre os que apoiavam o impeachment e os que defenderam o golpe militar, o deputado disse que há uma “coisa em comum” que é ser contra o governo de Dilma e do PT. “Mas somos democráticos e há espaço para todos. Se alguém pede a intervenção não há problema, desde que seja contra o governo”, completou.
Procurada pela Agência Brasil, a assessoria da Presidência da República informou que não comentaria as manifestações.