Anuncian «Día Internacional de Lucha contra la Copa del Mundo» para mañana
Grupos preparam «Dia Internacional de Lutas contra a Copa do Mundo» para quinta
A próxima quinta-feira (15) promete ser um dia emblemático na resistência de grupos populares contra a Copa do Mundo 2014. A data foi batizada como o «Dia Internacional de Lutas contra a Copa do Mundo» e contará com atos em 15 cidades no Brasil e em sete no exterior, segundo o Comitê Popular da Copa SP. As manifestações estariam confirmadas em São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Vitória, Cuiabá, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife, Belém, Fortaleza, São Carlos, Sorocaba, Campinas, Buenos Aires, Santiago, Bogotá, Barcelona, Paris, Londres e Berlim.
Alguns eventos já foram divulgados no Facebook. Em São Paulo, a concentração será na Praça do Ciclista, às 17h, e a passeata seguirá até o Estádio do Pacaembu. Em Salvador, o protesto terá início às 17h, na Praça da Piedade. Em Brasília, às 16h30, na Rodoviária Plano Piloto. Na cidade de Porto Alegre, o ato será às 18h, em frente à Prefeitura. Em Belo Horizonte, acontecerá na Praça Raul Soares, às 17h.
De acordo com o Comitê Popular da Copa de São Paulo, a articulação dos movimentos sociais, coletivos e ativistas protesta contra as nove mortes de trabalhadores na construção das arenas do Mundial, a remoção forçada de 250 mil pessoas por conta de obras, a proibição do trabalho ambulante e de artistas independentes pela Lei Geral da Copa, a violência cometida contra a população em situação de rua, a elitização dos estádios e a privatização do espaço público. Entretanto, a principal bandeira de luta do dia será a garantia da liberdade de manifestação antes, durante e depois da Copa. Segundo os organizadores, este direito constitucional está ameaçado por uma série de leis anti-manifestação e pelo recrudescimento das forças policiais. Somente na área da “segurança”, 2 bilhões de reais teriam sido gastos em armamentos, treinamentos e equipamentos de vigilância.
O lema do ato é «Copa sem Povo, tô na rua de novo!». Segundo Juliana Machado, membro do comitê, a expressão está ligada à frente de Resistência Urbana e ao ato que teve início no dia 8 de maio em São Paulo e que terá continuidade na própria quinta-feira, durante o dia, com ações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e de outros grupos.
Outras manifestações
Nem a Embaixada do Brasil em Berlim escapou da ira contra o Mundial. Na madrugada de segunda-feira (12), o prédio foi apedrejado por pelo menos quatro pessoas encapuzadas. Por volta das 11h, um grupo divulgou um manifesto na internet, em alemão, assumindo a autoria do ataque e o atribuindo a uma ação contra os gastos excessivos com o evento. O texto foi finalizado com o mote «Não vai ter Copa».
No dia 8 de maio, movimentos sociais integrantes do grupo Resistência Urbana ocuparam sedes das construtoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, denunciando o enriquecimento destas empresas em detrimento do trabalhador médio. As remoções e a crescente especulação imobiliária também foram criticados no ato. «As empreiteiras ficam com grande parte do recurso público, são grandes negócios do capitalismo. A construção das obras é para a elite. O governo precisa controlar a intervenção delas, porque essas empresas causam especulação imobiliária», declarou Natália Szermeta, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), à reportagem do JB. Ela garantiu que este foi somente o primeiro ato da campanha «Copa sem Povo, tô na rua de novo!», uma jornada para reivindicar que «os bilhões que estão sendo distribuídos para a construção do megaevento sejam utilizados para os trabalhadores».
Mais protestos à vista
De fato, parece que a Copa do Mundo não será recebida com tranquilidade. Diversos protestos devem continuar sendo organizados até o final do evento. Nos dias 23 e 24 de maio, está agendado no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, o ato «Não vai ter Copa!». A reunião será contra as remoções forçadas, os gastos indevidos do dinheiro público, a elitização dos estádios e a repressão dos movimentos. Esta será a 7º manifestação em São Paulo contra o Mundial. Por sua vez, a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) e outros movimentos sociais como o Passe Livre e a Central dos Movimentos Populares articulam mobilizações que devem começar antes da Copa.
Greves pressionam o governo
Além das manifestações, o governo enfrenta um forte conjunto de greves. Nesta terça-feira (13), no Rio de Janeiro, rodoviários, engenheiros da Prefeitura e professores das redes municipal e estadual estão paralisados. Além destes grupos, também estão em greve servidores do Ministério da Cultura e funcionários de diversas embaixadas brasileiras no exterior. Ainda há ameaça de paralisação durante a Copa por parte da Polícia Federal.
Os rodoviários grevistas pedem aumento de 40%, R$ 400 de auxílio-alimentação e fim da dupla função de motorista e cobrador. A greve continuará até o fim desta quarta-feira (14). Segundo o secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, somente 18% da frota dos 8.749 ônibus urbanos está em circulação nesta terça-feira. Além disso, Pelo menos 75 ônibus foram apedrejados e 12 pessoas presas em atos de vandalismo, segundo a assessoria de imprensa da Rio Ônibus, que representa a classe patronal.
Os professores paralisados requerem que os acordos estabelecidos durante a última paralisação, que durou 70 dias, sejam cumpridos. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) garante que ainda não há 1/3 de atividades extra-classe, que não houve redução de 40 para 30 horas semanais, controle quantitativo dos alunos, nem revisão da matriz curricular. Outra reclamação é a diferença salarial entre professores da rede municipal, que estariam recebendo entre 18 e 25 reais por hora/aula. Segundo Gesa Linhares, uma das coordenadoras do sindicato, será realizada uma passeata após a assembleia unificada dos profissionais da educação, que acontecerá nesta quinta-feira, às 11h, no clube municipal da Tijuca. De acordo com ela, a adesão ao movimento até a noite desta segunda-feira foi de 50% na rede municipal do Rio de Janeiro e 30% na rede estadual.
Os funcionários dos consulados do Brasil em Nova York e de outras representações diplomáticas nos Estados Unidos, como Houston, Atlanta, Los Angeles, São Francisco, no Canadá e na Europa entraram nesta terça em uma greve de 48 horas. Eles pedem o aumento de salários que estão sem reajustes, dependendo do caso, entre três e oito anos. Outra paralisação iniciada hoje foi a dos servidores o Ministério da Cultura, que buscam reivindicar a negociação de gratificações por titularidade e igualdade salarial com servidores da Agência Nacional de Cinema e da Fundação Casa Ruy Barbosa, entre outras reivindicações. No Rio de Janeiro, 18 museus, institutos e escritórios do Ministério da Cultura estão parados pela greve, que foi deflagrada por tempo indeterminado. A paralisação se deu justamente com a inauguração da 12ª Semana Nacional de Museus. Por sua vez, cerca de 1.200 engenheiros da Prefeitura do Rio também entraram em greve nesta terça-feira, anunciando três dias de paralisação por melhorias salariais.
Ao mesmo tempo em que o técnico da Seleção, Luís Felipe Scolari, divulgava os jogadores convocados para a Copa, no dia 7 de maio, o Sindicato da Polícia Federal do Rio protestava por melhores condições de trabalho e aumento salarial. As autoridades federais ameaçam entrar em greve durante o Mundial caso não tenham suas reivindicações atendidas. Os manifestantes reclamam que o governo tem dinheiro para promover o evento, mas não para reestruturar a polícia.