Unos 80 militares celebraron con fuegos artificiales los 50 años del golpe
Militares soltam fogos de artifício para celebrar 50 anos do golpe
Em uma celebração eucarística extra na noite desta segunda-feira no bairro da Asa Sul, em Brasília, cerca de 80 militares se reuniram para comemorar os 50 anos da “contra-revolução” e rezar pelas almas “daqueles que tombaram na luta armada nos anos 60 e 70”. Antes da missa, houve queima de fogos, conforme combinado previamente pela internet.
Já no começo da missa, o general reformado Paulo Chagas fez uma oração em que relembrava o período de governo militar e reafirmava os ideais que, segundo ele, “há 50 anos, levaram às ruas as ‘famílias com Deus pela liberdade’ e as tropas militares a pôr fim à baderna e ao desmando”. O período foi caracterizado por Chagas como de “progresso, crescimento, bem estar social, segurança, pleno emprego e um milagre brasileiro”.
O general justificou ainda a escolha pelo fato de a igreja ser um ambiente onde há “paz, segurança, isenção e a pureza da Casa de Deus, porquanto aqui não serão acolhidas mentiras”.
Chagas assume nesta terça-feira a presidência do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), fundado por militares em 1998. Ele fica no lugar do também general reformado Valmir Azevedo, que organizou a celebração eucarística:
– É uma missa para os mortos. Nem de um lado, nem de outro. É para aqueles que faleceram durante a luta armada, mas estamos comemorando também os 50 anos da contra-revolução. Escolhemos essa igreja porque o capelão aqui já nos conhece e acompanha nosso trabalho – afirma Azevedo.
Durante a homilia, o padre não fez referências abertas ao regime militar e se deteve apenas a dizer que era uma celebração em memória dos que faleceram durante o período:
– É um momento em que devemos fazer um exame da nossa consciência, ver o passado no seu contexto, mas ver também o nosso presente e perguntar a nós mesmos o que precisamos fazer para que o povo de Deus nessa nação brasileira possa crescer. Estamos rezando pelas pessoas que tombaram pelos seus ideais. Todo os anos fazemos isso, sem entrar no mérito do regime – diz o padre José Maria.
Os confrontos físicos gerados por diferenças ideológicas foram citados em uma prece: “O fracasso de uma minoria iludida e fanatizada, cujas ideias foram rejeitadas pela vontade nacional, foi motivo de uma luta armada que, entre excessos de ambos os lados e ações de guerrilha e terrorismo, em 21 anos de governos militares, tirou a vida de quase meio milhar de brasileiros”.
A missa também contou com a presença de autoridades militares, como o vice-procurador-Geral da Justiça Militar, Roberto Coutinho, que defendeu os eventos em comemoração ao golpe:
– É importante porque não podemos deixar que a história seja contada desse jeito. Temos que relembrar as vitórias que foram alcançadas com a ação dos militares – afirma Coutinho.
Entretanto, a missa não foi elogiada por todos os fiéis. Vizinha da igreja, a professora aposentada Maria da Paz ficou indignada com o ato:
– É um abuso esta igreja se prestar a isso. Ouvi os fogos da minha casa e resolvi vir ver o que era. Mas se bem que a igreja tem que acolher a todos – diz Maria da Paz.
Após a missa, no salão de festas da paróquia, foi preparado um coquetel para os militares.