Expresidente Lula descartó competir en las elecciones: “Mi candidata es Dilma”
“Dilma é a melhor pessoa para vencer as eleições”, diz Lula em entrevista a blogueiros
Eu não sou candidato. Minha candidata é a Dilma Rousseff. E eu conto com vocês para divulgar isso e acabar com essa boataria”, assim o ex-presidente Luiz Inácio da Silva abriu a entrevista coletiva para blogueiros que aconteceu nesta terça-feira (8) no Instituto Lula em São Paulo. Lula desmentiu que será candidato este ano e brincou, “Isso eu não posso registrar em cartório, mas não sou candidato”. A coletiva foi transmitida ao vivo pela internet e assistida por mais de dez mil conexões.
O ex-presidente, que foi o primeiro mandatário a realizar uma entrevista coletiva com blogueiros no Brasil, em 2010, voltou hoje a falar para os profissionais da internet sobre diversos assuntos. Lula falou sobre eleição, manifestações, democracia, PT, Petrobras, economia, saúde, Copa do Mundo, mensalão, reforma política e outros assuntos.
Ele explicou aos participantes que não fala há muito tempo com a imprensa por ser ex-presidente, e que a sua percepção é de que “os meios de comunicação no Brasil pioraram do ponto de vista da neutralidade”. Lula disse ainda a imprensa tem que colocar a verdade para a população. “Têm que ser pelo menos verdadeiros. Contra ou a favor, que a verdade prevaleça”.
Com relação à Copa do Mundo, Lula lembrou a comoção nacional quando o Brasil venceu a disputa para ser a sede do mundial e questionou: “por que a anulação disso agora?” O ex-presidente explicou que o dinheiro que está sendo utilizado na Copa do Mundo não foi retirado da saúde, por se tratar de dinheiro do BNDES destinado a empréstimos. “Para o BNDES emprestar dinheiro para construir um hospital, precisa haver um empresário querendo construir um hospital”. Lula, disse ainda “não teve nenhum país no mundo em que não teve protesto durante a Copa”, e que “temos que ver que teremos o encontro das civilizações no Brasil proporcionado pelo esporte e isso é fantástico”.
Sobre o julgamento da AP 470, chamado de mensalão, Lula disse que espera viver para ver essa história ser contada novamente e disse aos blogueiros. “Quem sabe sejam vocês que vão recontar essa história?” O ex-presidente afirmou que precisa ser estudada a “participação e o poder de condenação” que a grande mídia teve durante este julgamento. Sobre a decisão do STF sobre o julgamento do chamado mensalão tucano, o ex-presidente chamou de dois pesos e duas medidas. “Os mesmos que defendiam a forca para José Dirceu, defendem um julgamento tranquilo para outros”.
Questionado sobre a atual conjuntura da Petrobras, o ex-presidente afirmou que em todos os anos eleitorais a oposição tenta emplacar uma CPI para investigar a estatal. “Eu penso que são pessoas que trabalham para enfraquecer a Petrobras. Se ela hoje vale 98 bilhões, no governo FHC ela valia 15 bilhões”. Lula disse ainda que a empresa deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros e que se for para investigar, que seja investigado. “A gente não pode é ficar permitindo que por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”.
Quando perguntado sobre a Lei Antiterrorismo, que foi proposta no Congresso, Lula foi enfático. “Não acho que o Brasil precisa dessa Lei, porque não tem terrorismo no Brasil. No país do carnaval, fazer uma lei contra alguém que usa máscaras é impensável”. O ex-presidente disse que as manifestações representam a “sociedade em processo de evolução, tentando conquistar cada dia mais coisa. Aprendemos a fazer política, fazendo manifestação, fazendo greve. A democracia não é um pacto de silêncio”.
Sobre a reforma política, Lula disse que é favor de uma constituinte exclusiva para fazer a reforma Brasil. “A reforma política é a mais importante reforma que tem que acontecer neste país, sem ela todas as outras ficam muito mais difíceis”. Com relação ao financiamento público de campanha, o ex-presidente disse estar convencido que é “a forma mais barata, mais honesta, de fazer eleição no Brasil, para o cidadão saber quanto custa o voto”.
Entrevistaram o ex-presidente, os blogueiros Renato Rovai (Revista Fórum e Blog do Rovai), Altamiro Borges (Blog do Miro), Conceição Lemes (Viomundo), Fernando Brito (Tijolaço), Marco Weissheimer (Sul 21 e Carta Maior), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Rodrigo Viana (Escrivinhador), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo) e Miguel do Rosário (O Cafezinho).
Lula dispara: «Candidatura de Lindbergh é irreversível e ele vai ganhar»
Em entrevista a blogueiros na manhã desta terça-feira (8), no Instituto Lula, em São, Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não será candidato e que Dilma Rousseff é «disparadamente» a melhor pessoa para ganhar as eleições. «Eu já cumpri minha tarefa, já me dou por realizado», acrescentou. Lula também comentou a candidatura de Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio: «É pra valer. Já está colocada. É irreversível. Ele está no meio do mandato e não tem nada a perder. Só a ganhar. Ele acha que é o momento dele. Ele é um candidato bom, vai crescer e pode até ganhar.»
O Jornal do Brasil já havia publicado editorial destacando que Lindbergh Farias é o único candidato ao governo do Rio que tem o comprometimento do voto em Dilma e com o próprio Partidos dos Trabalhadores. No texto, o JB também destacou que o desprezo com que coordenadores da campanha para a reeleição de Dilma tratam Lindbergh não tem consistência política.
>> Confira: O comitê da campanha de Dilma e o desprezo com o resultado das eleições
Lula também comentou as polêmicas envolvendo a Petrobras, destacando que haveria interesses políticos de quem quer criar a CPI no Congresso – gente que «nunca quis criar CPI, para nada». Para Lula, «não adianta comparar» o valor que a empresa tem hoje e durante o governo FHC. «Se ela vale R$ 98 bilhões hoje, ela valia R$ 15 bilhões durante o governo FHC», lembrou Lula. «O que as pessoas não aceitam? Que a gente fez o regime de partilha», acrescentou, sobre o modelo de extração de petróleo adotada para o pré-sal. «E muitos desses queriam privatizar a Petrobras há pouco tempo», lembrou ainda o ex-presidente.
O Jornal do Brasil também já havia destacado, em editorial, que uma CPI contra a Petrobras teria motivações políticas: «A forma com que está sendo tratado o assunto só serve pra manchar uma das ultimas joias da nação que não foi privatizada», dizia o texto.
O ex-presidente comentou o envolvimento do deputado André Vargas (PT) com o doleiro Alberto Yousseff: «Ele tem que explicar para a sociedade, porque não tem sentido. Ele é vice-presidente de uma instituição importante, a Câmara dos Deputados, e acho que quando você está num cargo desse, você tem que ser exemplo. Espero que ele consiga provar e convencer a sociedade que não tem nada além da viagem [com o doleiro Alberto Youssef], o que já é um erro. Espero, torço, porque quem paga o pato é o PT.»
Lula reclamou mais ações do PT e de setores do governo em defesa da atual gestão. «Tem de levantar a cabeça e enfrentar para valer o debate político. Por exemplo, cadê o blog da Petrobras, que foi tão importante em 2009?», perguntou Lula, referindo-se ao período em que a estatal reproduzia em sua página na internet pedidos de entrevistas de jornalistas.
Outro tema abordado foi o mensalão. Lula destacou que é preciso que a verdade venha à tona. «A história do mensalão vai ser recontada nesse País, e se eu puder, vou ajudar a fazer ela ser recontada. Não vou julgar ninguém, mas não é possível que em mãos de 500 deputados não tenha aparecido nenhuma que recebeu mensalidade», disse Lula. «Como é que uma CPI que começou por conta de R$ 3 mil nos Correios terminou no mensalão?», questionou. «Acho que nós vamos ter de contar essa história sem pressa.»
O ex-presidente comentou ainda o crescimento do país. «Faz onze anos que esse governo gera empregos e aumenta a massa salarial. Em que lugar do mundo isso está acontecendo?», questionou. Ele recordou seu tempo de sindicalista, «quando a inflação era de 80% ao mês, não era ao ano não», frisou. «Mas agora vejo o mesmo ministro daquele tempo reclamando que a inflação está indo para o topo da meta. Ora, gostaria que a inflação ficasse em 2%, mas prefiro que se crie empregos do que, como pediram alguns, haja desemprego para combater a inflação».
Lula foi além. «Hoje dizem que falta mão de obra qualificada. Que ótimo, porque vinte anos atrás engenheiro tinha de trabalhar fora do país, não tinha o que fazer aqui dentro. Agora, precisamos formar engenheiros». Ainda falando sobre a economia brasileira, o petista disse que «a imprensa não sabe o que está acontecendo no País». Ele ressaltou que a economia está aquém do que ele gostaria, e do que Dilma gostaria, e questionou: «Mas quem está na frente do Brasil? O que nós fizemos em 11 anos, algumas revoluções não fizeram em 20», declarou.
Questionado sobre os problemas na área da saúde, Lula ponderou: «Não existe a possibilidade de dar saúde de qualidade sem recursos. A saúde custa caro, o médico custa caro, precisa de equipamentos e laboratórios para que todos tenham acesso. E o SUS é motivo de orgulho para o País», disse. Ele criticou ainda que só são divulgadas «coisas ruins» da saúde. «Só vão atrás de quem está morrendo, ninguém tira foto de quem sai com vida. Mas tem muita coisa boa na saúde também», disse.
O ex-presidente falou ainda sobre o presidente do STF, Joaquim Barbosa: «As pessoas perguntam: você se arrependeu de indicar o Barbosa? Eu digo: não. Porque na época não havia o mensalão, não o indiquei pra julgar o mensalão. Indiquei porque queria um advogado negro na Suprema Corte. O comportamento dele é de inteira responsabilidade dele. Acho que a Suprema Corte tem que se pronunciar nos autos do processo. Não posso ficar falando de você o que vou fazer com você, preciso pegar os autos e decidir. Alguns inclusive mentiram», declarou Lula, que também se pronunciou sobre «a teoria do domínio do fato», usado na condenação de envolvidos no caso do mensalão: «Um achado extraordinário. Você é pai daquela criança que fumou maconha. Você tinha que saber», exemplificou.
Ainda sobre o mensalão, Lula comentou a repercussão: «No caso do mensalão, o massacre foi apoteótico. Não vi essa gritaria no caso de Minas. Então são dois pesos, duas medidas. Os mesmos que defenderam a forca para José Dirceu defendem agora um julgamento tranquilo e civilizado para os outros. Deveria ser assim para todos. Acho que o que está acontecendo com o Zé Dirceu é um abuso muito grave. Acho que ele deveria estar em prisão domiciliar.» O ex-presidente falou também sobre a cobertura jornalistica do julgamento. «Cansei de ver dizerem que aquilo foi a maior história de corrupção que já existira nesse País, sem dar os números. Mas depois apareceu uma quantidade de sonegação de impostos que era muito maior do que tudo o que se falava. Tenho mais idade do que vocês, aprendi que a gente não deve ficar nervoso. Mas não vamos abaixar a cabeça. Se você abaixa a cabeça, aprendi isso com a minha mãe, eles colocam uma cangalha em cima».
No âmbito da economia, Lula defendeu uma maior participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na divulgação das medidas tomadas pelo governo. «Falei para Guido Mantega: ‘Medidas na economia têm de ser explicadas em rede nacional. E a Dilma não tem tempo, vai você. Tem de falar’. Diziam que eu falava demais durante o meu governo, e eu acho isso ótimo. Porque falava mesmo, para mostrar a verdade. Se eu não falasse, quem iria falar por mim?»
O ex-presidente também comparou o acesso de crédito que o País tem hoje e o que tinha em 2002, quando venceu pela primeira vez as eleições. «Em março de 2002, o Brasil só tinha R$ 380 bilhões disponibilizados para crédito em todo o sistema financeiro. Hoje, esse mesmo Brasil tem R$ 2,7 trilhões. Hoje, o pobre consegue chegar no banco e pegar dinheiro sem ser visto como bandido. Esse Brasil nunca ficou tão orgulhoso de si como nos últimos 11 anos», disse.
No campo da política, Lula falou sobre o que pensa da reforma. «Estou convencido de que só uma Constituinte exclusiva pode fazer a reforma política. Sinceramente, acho que não tem outro jeito. Esse Congresso não fará, não tem condições de fazer, seria contrariar sua natureza.» Lula ainda falou sobre Eduardo Campos, virtual adversário de Dilma nas eleições presidenciais: «Tenho uma belíssima relação com o Eduardo Campos, e já tinha uma boa relação com o avô dele, Miguel Arraes. Sou agradecido por tudo o que ele fez no meu governo. Lamentei que ele tenha se afastado da base para ser candidato da oposição. Não entendo por que ele adiantou o processo. A Marina eu entendo, porque me lembro das divergências que havia quando ela fazia parte do meu governo, o Eduardo eu não compreendo.»
O ex-presidente ainda falou sobre Copa do Mundo: «Vem ajudar a gente a fazer uma coisa agora que só seria feita no futuro. Os aeroportos estão acontecendo, as obras de infraestrutura estão acontecendo, o Galeão, o Viracopos. A Copa do Mundo no Brasil é um encontro de civilização entre nós. É mais do que o dinheiro. Milhares de pessoas virão conhecer esse país, comer a comida desse país. É mais do que futebol, é trazer para cá o mundo esportivo.»