Rousseff dice que espionaje interno no violó la privacidad y volvió a exigirle disculpas a Obama
Dilma, sobre espionagem: «É impossível que eu aceite negociar a soberania do país»
Presidente recebeu repórteres do Grupo RBS e falou sobre casos de violação de privacidade pelos EUA e pela Abin.
Em entrevista na manhã desta quarta-feira ao Grupo RBS, a presidente Dilma Rousseff fez duras críticas à espionagem feita pelo governo americano e disse que o monitoramento de diplomatas feito pela Agência Brasileira de Espionagem (Abin) não se enquadra no mesmo tipo de violação de privacidade praticado pelos Estados Unidos.
Dilma recebeu, na biblioteca do Palácio da Alvorada, os jornalistas Carolina Bahia, Rosane de Oliveira, David Coimbra e Cacau Menezes. Ao falar sobre a espionagem americana, ela afirmou que as ações extrapolam a justificativa de combate ao terrorismo.
— Foram violados e-mails privados, ligações telefônicas. Se violou internet,violou a privacidade, e não foi só de chefes de Estado, mas de indivíduos e de empresas dentro de um processo que não tem muita justificativa de luta contra o terrorismo — disse.
Em seguida, ela disse que a espionagem entre países é algo comum e antigo nas relações internacionais, como forma de conhecer e se informar sobre outros Estados, e não necessariamente implica violar direitos de indivíduos. Para a presidente, os atos da Abin respeitaram as leis e os direitos humanos:
— Foi preventivo. Não levou a nenhuma consequência de espionar ninguém na sua privacidade. Acompanhou atividades. Isso é previsto na legislação brasileira, não cometeram nenhuma ilegalidade. Até porque, se cometessem ilegalidade desse nível, nós seríamos obrigados a afastar as pessoas envolvidas.
Comentando o fato de o seu governo ter sido espionado pelos EUA, Dilma foi dura e afirmou que teve de tomar uma posição extrema (ela cancelou a visita diplomática que faria ao presidente Barack Obama) por respeito à soberania brasileira.
— Não podemos conceber que o Brasil não tenha o respeito a sua soberania que ele merece. É impossível que eu, como presidenta, aceite negociar a soberania do país. Isso é inadmissível. O presidente que fizer isso não merece a condição de presidente — destacou.
A presidente chegou a falar sobre o cancelamento da viagem a Washington. Ela disse que condicionou a visita a um pedido de desculpas formal do governo americano, o que não aconteceu:
— Eu iria viajar. A discussão que derivou das denúncias nos levou a fazer a seguinte proposta aos EUA: só tem um jeito de a gente resolver esse problema. Eles teriam de se desculpar pelo o que aconteceu e dizer que não aconteceria mais. Não foi possível chegar a esse termo. Se eu botasse o pé nos EUA, o que poderia acontecer?