Pelo terceiro dia, trabalhadores rurais de Alagoas saem às ruas por reforma agrária
As avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima, duas das principais vias de acesso ao Centro de Maceió (AL), ficaram paradas na manhã desta quarta-feira (6) por conta da passagem de quase 2 mil trabalhadores rurais que fazem parte da Marcha Unitária pela Terra e Justiça. Os agricultores exigem a resolução do conflito agrário e denunciam a morosidade do Estado e o engessamento da reforma agrária.
Desde a última segunda-feira (4), a marcha, também integrada pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), percorreu aproximadamente 51 km, distância que separa o acampamento Fazenda Sede de Maceió.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) também fazem parte da marcha cujos participantes, durante todo o dia de hoje, estarão acampados na sede da Eletrobrás na capital alagoana.
De acordo com Carlos Lima, um dos organizadores da marcha e dirigente da CPT, os trabalhadores estão cansados de esperar as promessas da prestadora de serviço elétrico no Estado. Segundo Lima, eles permanecem no local até o início da tarde de quinta-feira (7), quando terão uma audiência com o governador Teotonio Vilela Filho.
Longo caminho
A prefeitura do município de Messias foi a primeira a ser ocupada, ainda no dia (4), para que os trabalhadores pudessem pernoitar.
No segundo dia, os agricultores ocuparam o Centro de Estudos de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no município de Rio Largo, região metropolitana de Maceió.
Segundo Josival Oliveira, um dos organizadores da marcha e dirigente do MLST, os trabalhadores ficaram inconformados com o descaso da educação com relação à luta do agricultor familiar.
“Eles ficaram revoltados. No departamento de Ciências Agrárias, só se estuda melhoramento e técnicas de cana. Agora, o feijão, o arroz, a batata, a mandioca não fazem parte de nenhum estudo. Por essa razão eles quebraram os experimentos”, enfatiza.
Para Josival, o governo federal gasta o dinheiro público, inclusive dos trabalhadores rurais, para bancar experimentos e melhoramento genético da cana de açúcar.
“Isso demonstra a real situação do cenário político brasileiro, que privilegia o agronegócio e o latifúndio no lugar do povo, do trabalhador. Até mesmo porque a cana ainda é símbolo de escravidão dos tempos do Brasil Império”, lamenta.
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